Circula pelas redes sociais a informação de que o governo federal anunciou que vai cobrir o “rombo” de R$ 20 bilhões das Lojas Americanas. Tome cuidado, essa notícia é falsa!
Uma publicação no Twitter compartilha a reportagem do Estadão, intitulada “BNDES: Lojas Americanas terão financiamento de R$ 1,2 bilhão”. Só que a notícia, que é verdadeira, foi publicada em julho de 2014. A publicação foi feita pelo perfil “Terra Brasilias”, e recebeu o comentário do vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem dois financiamentos ativos com a Americanas, mas nenhum deles foi concedido após a companhia anunciar ao mercado, na última quarta-feira, 11, que identificou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões em seus balanços financeiros. Os empréstimos foram firmados em abril e maio de 2018, no valor total de R$ 2,4 bilhões.
Os R$ 2,4 bilhões referentes aos dois empréstimos de quase cinco anos atrás são o valor contratado, não o quanto a Americanas ainda deve ao BNDES. Desde a contratação, a companhia desembolsou R$ 1,173 bilhão na soma das duas operações – normalmente, os financiamentos de longo prazo do BNDES são liberados em parcelas ao longo do tempo, à medida que o projeto de investimentos avança.
O valor final que a Americanas deve ao BNDES, que é uma informação protegida pelo sigilo bancário, depende ainda do quanto a companhia já pagou de volta. Como os financiamentos têm carência de 18 a 21 meses, a empresa está pagando os empréstimos de volta desde o fim de 2019.
Conforme informações disponíveis no site do BNDES, os dois financiamentos foram destinados ao plano de negócios da empresa, de 2016 a 2018, contemplando investimentos em “inovação em varejo digital, suporte ao crescimento do negócio, suporte ao crescimento das subsidiárias, fortalecimento da capacidade de armazenamento e distribuição”.
Segundo o BNDES, as duas operações contratadas em 2018 “contam com fiança bancária como garantia”. Por isso, “em ambos os casos, o banco não está exposto a qualquer risco”, diz a nota divulgada pela instituição de fomento. A instituição explicou que, de toda forma, de maneira preventiva, encaminhará carta à empresa solicitando esclarecimentos.
Na quinta-feira, 12, a Americanas pediu proteção contra os credores, em caráter de urgência, ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), alegando que poderia ter R$ 40 bilhões em dívidas no curto prazo. No fim do dia de sexta-feira, 13, o juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do TJ-RJ, concedeu uma tutela cautelar para suspender vencimentos antecipados e deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial.
*Checagem feita pelo Estadão