Circula pelas redes sociais a informação de que o governo Bolsonaro extirpou a corrupção sistêmica. Tome cuidado, essa notícia é falsa!
Essa foi uma das afirmações feitas pelo Presidente e candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, em seu discurso na 77ª Assembleia Geral da ONU no dia 20 de setembro, em Nova York. Durante a sua fala, Bolsonaro disse que seu governo “extirpou a corrupção sistêmica”. O chefe do Executivo já fez essa afirmação em diversas ocasiões, formais e informais, para defender que não existe corrupção em seu mandato.
No entanto, desde o início do mandato, em 2019, o governo de Jair Bolsonaro (PL) se envolveu em diversas denúncias e escândalos de corrupção. Entre eles está o caso dos supostos desvios de recursos de candidaturas femininas durante as eleições de 2018, que resultaram no indiciamento do então ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio pela Polícia Federal. Ele foi apontado como articulador do esquema das candidaturas laranjas.
Ao longo de 2021, mais escândalos de corrupção atingiram o governo: o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acusado de dificultar a fiscalização ambiental e patrocinar interesses privados de madeireiros investigados por extração ilegal de madeira. Salles pediu demissão em junho do ano passado.
Em maio daquele ano veio à tona o caso conhecido como Tratoraço, que mostrou a liberação de R$ 3 bilhões para emendas parlamentares da base de apoio de Bolsonaro, boa parte destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas com sobrepreço de 259%. No mesmo mês, o governo demitiu George da Silva Divério, superintendente estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, por suspeita de corrupção.
No auge da pandemia, em junho de 2021, foi denunciado o caso da Covaxin, que mostrou que o governo aceitou negociar a compra da vacina indiana Covaxin, contra a covid-19, por um preço 1.000% maior do que era anunciado pela fabricante. A ordem para a aquisição da vacina partiu pessoalmente do presidente Jair Bolsonaro e a negociação durou somente cerca de três meses, um prazo bem mais curto que o de outros acordos. Os recursos para a compra da vacina chegaram a ser empenhados pelo governo, mas, após investigação da CGU, a aquisição foi suspensa.
Também em junho de 2021, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, foi acusado de pedir propina de US$ 1 por dose para autorizar a compra de vacinas da AstraZeneca.
Em 2022, o governo acumula mais escândalos: o esquema do gabinete paralelo do MEC, em que pastores passaram a controlar a agenda do então ministro da Educação, Milton Ribeiro, para privilegiar municípios na liberação de recursos, foi denunciado em março. Prefeitos disseram que receberam cobrança de propina em ouro e o ex-ministro Milton Ribeiro acabou preso pela Polícia Federal.
Os municípios mais beneficiados são aqueles governados pelos partidos do Centrão – PL, partido de Bolsonaro, Republicanos e Progressistas. Em conversas reveladas pelo Estadão, os próprios pastores admitem priorizar as demandas de prefeitos ligados à igreja Assembleia de Deus, da qual eles fazem parte.
Em abril, o Estadão revelou uma licitação milionária para compra de ônibus escolares com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os valores eram inflados e mostravam que o governo aceitava pagar até R$ 480 mil por ônibus, quando eles deveriam custar no máximo R$ 270,6 mil.
Também em abril, o Estadão mostrou que o Ministério da Educação autorizou a construção de 2 mil escolas, mesmo sem ter recursos para terminar 3,5 mil em construção há anos. O esquema ficou conhecido como “escolas fake”, e tinha como base o FNDE, controlado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, por meio de um apadrinhado. O fundo precisaria ter R$ 5,9 bilhões para tocar todas as novas escolas contratadas. Com o orçamento atual, levaria 51 anos para isso.
Em maio, o Estadão mostrou a farra dos caminhões de lixo, com a coleta sendo alvo de despesas milionárias crescentes e fora do padrão. A compra e distribuição de caminhões saltou de 85 em 2019 para 488 em 2021. Em Alagoas, por exemplo, uma cidade do interior passou a ter mais caminhões do que lixo a ser recolhido. A reportagem do Estadão identificou pagamentos inflados em R$ 109 milhões.
*Com informações do Estadão Verifica