É #FAKE que não há a existência de uma nova onda de covid-19

Circula pelas redes sociais um vídeo no qual o conteúdo afirma que não há a existência de uma nova onda de covid-19. Tome cuidado, essa notícia é falsa!

Em um vídeo que circula pelo Whatsapp há pelo menos uma semana, um homem, que se diz médico, nega a existência de uma nova onda de covid-19, descarta o surgimento de novas variantes e desencoraja a população a reforçar cuidados, como o uso de máscaras. O autor do vídeo se identifica como especialista em saúde pública.

No entanto, o suposto médico ignora dados que apontam para uma alta na média de casos de coronavírus, alertas de órgãos públicos e institutos de pesquisa, além da identificação de novas subvariantes da ômicron no Brasil e no mundo. Além disso, antes mesmo do início da divulgação do vídeo, o Brasil já tinha casos registrados da subvariante BQ.1 da ômicron, e até uma morte causada por ela – um idoso de 72 anos, de São Paulo.

Entidades como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Needier/UFRJ) haviam alertado para o aumento no número de casos de covid-19 em alguns estados brasileiros. Na Europa, a nova onda de covid-19 começou em setembro e em países como China e Estados Unidos, o número de casos vinha aumentando há semanas.

O Boletim InfoGripe mais recente da Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira, 18, também fala em aumento de casos de covid-19 entre a população adulta nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul em São Paulo. Na última quarta-feira, 16, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) disse que os países devem ficar atentos à “tripla ameaça” da covid-19, Influenza e Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

De acordo com a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e presidente da Rede Tuberculose, há sim uma nova onda de covid-19 no Brasil, que se reflete no aumento no número de casos. Ela fala que há um aumento no número de internações, principalmente em grupos de pessoas que não tomaram a vacina de reforço e em grupos de pessoas que tomaram as vacinas, mas já tem mais de seis meses. A especialista afirmou que os números são maiores entre idosos com mais de 70 anos, além de imunossuprimidos e crianças que não se vacinaram.

Ainda de acordo com a epidemiologista, a taxa de reinfecção pela variante ômicron é muito grande, o que ajuda a explicar o aumento no número de casos, mesmo com a vacinação.

Na última semana, pouco depois do início da circulação do vídeo, a Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, coordenada pelo Instituto Butantan, detectou mais duas subvariantes da ômicron pela primeira vez no Brasil. A subvariante XBB.1 foi detectada na cidade de São Paulo; a CK.2.1.1, em Ribeirão Preto (SP). Segundo o Instituto Butantan, há estudos preliminares da Organização Mundial de Saúde (OMS) que sugerem que a subvariante XBB.1 pode trazer um risco maior de reinfecção, se comparada com outras versões da ômicron. Ela foi detectada em outros 2.025 amostras de 35 países. Já a CK.2.1.1 apareceu em apenas 342 amostras em todo o mundo, em apenas seis países: Alemanha, Estados Unidos, Dinamarca, Espanha, Áustria e, agora, no Brasil.

É válido salientar que, no final do vídeo, o médico trata como desinformação a recomendação para voltar a usar máscaras. Mas a verdade é que o equipamento de proteção deve sim voltar a ser usado. Diante do aumento de casos, o Observatório Covid-19 Fiocruz, por exemplo, reforçou a recomendação da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS) com relação ao uso de máscaras em locais fechados, com pouca ventilação ou com aglomeração de pessoas.

*Com informações do Estadão