É #FAKE que manifestações bolsonaristas em Brasília foram feitas por pessoas infiltradas

Circula pelas redes sociais a informação de que as manifestações bolsonaristas em Brasília foram feitas, na verdade, por pessoas infiltradas. Tome cuidado, essa notícia é falsa!

Posts nas redes sociais difundem fotos de manifestações antigas para alegar, sem provas, que integrantes de movimentos sociais e militantes de esquerda foram responsáveis por atos de vandalismo ocorridos em Brasília na noite de segunda-feira (12), após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) diplomar o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As imagens identificadas pelo projeto Aos Fatos remetem a protestos que ocorreram entre 2016 e 2017 durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

O registro de um veículo em chamas em frente à Catedral de Brasília foi feito pelo fotógrafo Jorge William, do jornal O Globo, em 29 de novembro de 2016. É do mesmo dia o registro de um manifestante vestindo uma camiseta da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

Na ocasião, milhares de manifestantes, muitos usando roupas vermelhas ou com símbolos de movimentos sociais, protestaram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para fixar um teto para os gastos públicos. A proposta foi aprovada na Câmara e no Senado ainda naquele ano e passou a vigorar no ano seguinte.

Já a foto de um manifestante com os braços erguidos vestindo calça jeans e uma camiseta vermelha foi tirada pelo fotógrafo Marcelo Camargo, da Agência Brasil, em 24 de maio de 2017, em meio a um protesto contra Temer. Na época, parte dos manifestantes provocou focos de incêndio no entorno da Esplanada dos Ministérios.

Outros vídeos de situações anteriores também estão sendo publicados. Políticos da base do presidente Jair Bolsonaro (PL) também foram às redes para nutrir a falsa narrativa de que os atos de vandalismo não teriam sido realizados por bolsonaristas, mas por “infiltrados”, indo na contramão da versão oficial fornecida pelas instituições da capital.

Em entrevista a jornalistas na noite de segunda-feira, o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, disse que parte dos responsáveis pelos atos estava acampada em frente ao QG do Exército, onde manifestantes já pediam por intervenção militar e pela ajuda das Forças Armadas.

Os atos de vandalismo se espalharam pelo Distrito Federal após o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinar a prisão temporária do indígena José Acácio Serere Xavante, pelo prazo de dez dias, por suspeita de ameaça de agressão e de perseguição contra Lula.

Pelo menos oito veículos, entre carros e ônibus, foram incendiados, viaturas do Corpo de Bombeiros foram apedrejadas, barricadas foram feitas com botijões de gás, e postes foram depredados. Ninguém foi preso, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.