É #FAKE que floresta amazônica não pode ser incendiada por causa da sua umidade

Está circulando pela internet a informação de que a floresta amazônica não pode ser incendiada por causa da sua umidade. Tome cuidado, essa notícia é falsa!

Essa afirmação foi repetida inclusive pelo Presidente da República e candidato à presidência pelo Partido Liberal, Jair Bolsonaro, em um encontro com apoiadores. Entretanto, embora a floresta de fato seja úmida, a mata pode sim entrar em combustão. Em maio, por exemplo, a Amazônia teve o maior número de incêndios em 18 anos, resultado de uma tendência de alta na destruição ambiental, de acordo com especialistas.

Os dados, registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), comentam que no quinto mês do ano, a Amazônia registrou 2.287 focos de incêndio, um aumento de 96% em relação ao mesmo mês de 2021. Geralmente, maio já costuma apresentar queimadas, mas em menores números, por ainda estar dentro do período de chuvas do bioma. Por isso isso, números mais elevados nesse momento trazem preocupação quanto aos níveis de destruição que podem ser registrados em 2022.

De acordo com a ONG Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), o fogo na região é resultado de três fatores: o tempo seco, em especial entre os meses de maio e outubro; o excesso de vegetação seca, que podem ser folhas e galhos caídos de copas de árvores ou vegetação desmatada; e a ação humana.

A pesquisadora e diretora científica do Ipam, Ane Alencar, afirmou ao Buzzfeed Brasil que os incêndios na Amazônia são quase todos provocados por ação humana, já que a umidade da região consegue agir de maneira mais eficaz contra as combustões espontâneas. 

O Ipam explica que o uso do fogo para o manejo agropecuário é uma estratégia comum na região para a limpeza de terrenos e o uso das cinzas para a fertilização do solo. Há ocasiões, entretanto, em que as chamas escapam do controle nas propriedades rurais e se espalham pela floresta, por meio das folhas secas depositadas no solo.

Ainda de acordo com o Instituto, o fogo de manejo agropecuário é o tipo mais comum na Amazônia. No primeiro semestre de 2020, 50% dos focos de calor foram registrados em imóveis rurais médios e grandes.

No entanto, o fogo também é utilizado de forma criminosa para queimar florestas já derrubadas ou em regiões cuja mata ainda está de pé. Contudo, o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) proíbe o uso de fogo na vegetação, exceto em alguns casos e com apresentação de uma justificativa de seu emprego ou em atividades de pesquisa científica.

Por não estar naturalmente adaptada a incêndios, a floresta é pouco resistente ao fogo. As queimadas podem afetar as taxas de mortalidade e de crescimento das árvores na Amazônia por mais de uma década, segundo artigo publicado em 2018 na revista da Royal Society, entidade inglesa de promoção da ciência.