É #FAKE que a vacina bivalente da Pfizer contra a Covid-19 não é segura por ter sido testada apenas em camundongos

Circula pelas redes sociais a informação de que a vacina bivalente da Pfizer contra a Covid-19 não é segura por ter sido testada apenas em camundongos. Tome cuidado, essa notícia é falsa!

Publicações compartilham um vídeo em que o médico Roberto Zeballos sugere que a vacina bivalente da Pfizer contra a Covid-19, que protege contra a cepa original e contra subvariantes da Ômicron, não seria segura por ter sido testada apenas em camundongos. Gravado inicialmente em setembro do ano passado, o vídeo de Zeballos voltou a circular após o anúncio de que o governo federal deve iniciar no próximo dia 27 a imunização de reforço com a vacina bivalente

No entanto, o médico omite que a atualização de um imunizante já aprovado para uso não precisa passar por novos testes clínicos em humanos e tem a segurança e a eficácia atestadas por meio de dados de versões anteriores, além de ensaios com animais. Por se tratar de uma atualização da vacina original, o imunizante passou por um processo simplificado de aprovação, similar ao que são submetidas as vacinas contra a gripe. Sua segurança e sua eficácia, no entanto, estão garantidas por dados de testes clínicos realizados com outras versões da vacina.

A aprovação de versões atualizadas de vacinas já existentes sem a realização de testes clínicos é um procedimento comum na indústria farmacêutica. Segundo a farmacêutica e pesquisadora da USP Laura de Freitas, “uma vez que a formulação está testada em vários cenários, ela não precisa ser submetida a todos os estudos clínicos novamente quando recebe uma atualização de antígeno. Você só precisa provar que com a mudança ela continua sendo capaz de despertar a imunidade e induzir a formação de anticorpos, o que é suficiente de ser testado em animais.”

Em fevereiro de 2021, a FDA (agência sanitária dos EUA) atualizou seu regulamento para permitir que vacinas contra a Covid-19 já aprovadas para uso não tivessem que passar por longos testes clínicos em caso de atualização. O objetivo é acelerar o processo para garantir que os imunizantes não percam eficácia frente ao aparecimento de novas variantes. A agência garantiu, no entanto, que as novas versões ainda teriam sua segurança verificada em grupos menores de pessoas e passariam por testes em animais, o que de fato ocorreu com a versão bivalente do imunizante da Pfizer.

Em apresentação feita em novembro do ano passado durante as discussões sobre a aprovação da vacina bivalente BA.4/BA.5 da Pfizer, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) avaliou que a atualização do imunizante tinha “baixo impacto, porque as etapas e controles do processo se mantiveram idênticos ao da vacina original, bem como os fabricantes”. Atualmente, o imunizante tem autorização para ser aplicado no país em pessoas a partir de 12 anos.

No vídeo, o médico questiona ainda os dados usados para atestar a eficácia da vacina, que se baseiam na produção de anticorpos pelos camundongos. Isso, segundo ele, não seria suficiente, já que os anticorpos não preveniriam a infecção e a transmissão.

Conforme explicou a professora e pesquisadora do departamento de farmacologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Soraya Smaili, o objetivo das vacinas contra Covid-19 é exatamente produzir anticorpos para combater o vírus e impedir a infecção generalizada.

*Checagem feita pelo Aos Fatos