Circula pelas redes sociais a informação de que a jornalista Vera Magalhães recebe R$ 500 mil por ano da TV Cultura. Tome cuidado, essa notícia é falsa!
A desinformação foi publicada pelo pastor Silas Malafaia no Twitter e já acumula mais de 3.500 compartilhamentos na rede social. No Facebook, postagens com a mesma informação enganosa também foram compartilhadas centenas de vezes. O conteúdo afirma que a apresentadora do programa Roda Viva receberia R$ 500 mil anuais do governo de São Paulo, bancado pelo ex-governador João Doria (PSDB), que ocupou o cargo até maio de 2022.
No entanto, a jornalista recebe R$ 22 mil mensais, o equivalente a R$ 264 mil por ano, da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. Também é incorreta a alegação de que o salário da jornalista é bancado pelo ex-governador João Doria, já que a Fundação Padre Anchieta é uma entidade de direito privado que, embora receba verba do governo do estado, tem autonomia administrativa e conta com recursos privados.
Os repasses públicos para a fundação estão previstos na LOA (Lei Orçamentária Anual), que é votada pela Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). A Alesp aprovou a LOA 2022 no dia 15 de dezembro de 2021. Votaram contra o orçamento deputados dos partidos Novo, Patriota, Progressistas, PRTB, PSL, PSOL, PT e PTB. Já a LOA de 2020 — votada em 2019, antes de Magalhães assinar o contrato — foi aprovada por 71 votos a 13, com votos contrários do PT, PSOL e PCdoB.
Em 2020, quando surgiu o boato, Vera Magalhães publicou o contrato no seu perfil no Twitter, com validade até 31 de dezembro de 2022. Procurado nesta semana pelo Aos Fatos, agência de notícias que checou o fato, o diretor de jornalismo da TV Cultura, Leão Serva, afirmou que o contrato permanece inalterado, e que a emissora paga no máximo cerca de R$ 22 mil aos jornalistas.
A desinformação sobre o salário da apresentadora do Roda Viva voltou a circular após Magalhães ter questionado o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate da Band no último domingo (28) a respeito do impacto de suas falas enganosas sobre vacinas na saúde pública brasileira. Bolsonaro, então, atacou a jornalista, dizendo que ela “dorme pensando” nele e que ela seria “uma vergonha pro jornalismo brasileiro”.
Os ataques, no entanto, não partiram apenas do presidente. Como o Aos Fatos mostrou em reportagem anterior, correntes no WhatsApp passaram a utilizar a fala de Bolsonaro para fazer ataques machistas logo após o fim do debate.