É #FAKE que a adição de flúor no abastecimento público de água faz mal à saúde

Circula a informação de que a adição de flúor no abastecimento público de água faz mal à saúde. Tome cuidado, essa notícia é falsa! 

A informação que circula em todos os meios, inclusive pelas redes sociais, é principalmente disseminada por grupos originados nos Estados Unidos que tentam condenar o flúor. E as justificativas são variadas: há quem afirme que a substância seria poluente e até quem diga que ela faria cair o QI (quociente de inteligência) de crianças.

O flúor é um mineral encontrado na natureza e tem uma ação benéfica aos dentes. Funciona assim: quando bactérias que vivem na boca entram em contato com o açúcar que ingerimos, cria-se um processo de fermentação que corrói os dentes. O termo técnico, na verdade, é desmineralização, quando a substância interrompe o processo de perda estrutural dos dentes. Tanto que dentistas aplicam flúor no consultório em lesões iniciais de cárie para impedir que ela se agrave.  

No entanto, nem todo o mundo tem acesso a produtos de higiene bucal. Por isso, a substância começou a ser colocada nas águas de abastecimento das grandes cidades. O método fez cair casos de cáries em 65%, segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Isso demonstra que desde os anos 1950, quando a medida foi adotada no Brasil, os dentes da população só melhoraram. Há um estudo, o SB Brasil – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, que faz essa avaliação a cada dez anos. Tomando como medida as crianças de 12 anos, é possível ver a mudança de diagnóstico. Em 1986, essa faixa etária tinha uma média de sete dentes cariados na boca. O levantamento mais recente, de 2010, chegou a uma média de duas cáries.

O que acontece: qualquer substância consumida em exagero pode ser prejudicial à saúde – daí porque se monitora os índices de flúor nas águas periodicamente. Em excesso, ele promove a fluorose dentária. São pequenas manchas nos dentes que não impactam sua integridade, nem causam dor. 

Hipoteticamente, o consumo exagerado de flúor também afetaria os órgãos gastrointestinais, mas, para isso, a ingestão deveria ser absolutamente elevada. Além disso, o corpo se defende desse excesso, já que apenas 10% do flúor é absorvido e vai para os órgãos, dentes e ossos. O restante é eliminado por fezes, urina e suor. Consumimos o flúor em sua forma iônica (fluoreto), que dissolve em água. Ao competir com outras substâncias mais relevantes do organismo, ele perde e é eliminado.

Além disso, o padrão máximo de flúor permitido nas águas, seguindo portaria do Ministério da Saúde, é de 1,5 miligramas por litro. No entanto, a fluoretação não precisa chegar perto desse limite máximo para trazer benefícios. A Sabesp, companhia responsável pelo abastecimento de água em São Paulo, por exemplo, adota uma média entre 0,6 a 0,8 miligramas por litro.

Ainda, é importante lembrar que nem todo mundo tem flúor no Brasil, e a preocupação dos especialistas se volta realmente à falta de acesso à água fluoretada. Apesar de o custo do processo ser baixo (cerca de R$ 1 por habitante), nem toda cidade tem o serviço. Um estudo que analisou dados de 2010 a 2015 aponta que, em média, apenas 60% dos brasileiros recebem água com flúor em suas casas. No norte do Brasil, não há nenhuma residência com acesso a esse recurso. Com isso, é possível concluir que quem mais precisa da água fluoretada tem dificuldade de acesso a ela.