É #FAKE lista que mostra mais de 109 mil trabalhadores demitidos por causa do novo governo

Circula pelas redes sociais a informação de que mais de 109 mil trabalhadores foram demitidos por causa do novo governo. Tome cuidado, essa notícia é falsa!

Publicações nas redes sociais divulgam uma lista indicando a demissão de 109.540 trabalhadores por mais de 15 empresas em apenas 13 dias do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em vídeo publicado originalmente no Kwai e compartilhado amplamente no Facebook, um homem lê a lista de companhias, acompanhada de afirmações falsas ou enganosas sobre o número de pessoas supostamente desligadas em cada uma delas. O autor sustenta que as supostas demissões ocorreram nos 13 primeiros dias do novo governo.

As empresas foram procuradas pelo Estadão Verifica, e 10 entre as 15 marcas informaram serem falsas ou enganosas as afirmações feitas no vídeo.

A assessoria de comunicação da Toyota do Brasil, mostrada na lista com 12 mil demissões, informou não ter havido qualquer anúncio da empresa neste ano em relação a demissões. A montadora, inclusive, sequer possui esse número de funcionários: emprega 6 mil pessoas atualmente. Recentemente, em janeiro de 2023, a revista Quatro Rodas publicou um texto informando que uma reportagem antiga, de abril de 2022, que falava que a Toyota havia a  nunciado o fechamento de sua primeira fábrica no Brasil, vinha sendo compartilhada como se fosse recente, com intuito de atacar o atual governo. Na época, conforme divulgou a revista, a empresa anunciou que a decisão afetaria 550 funcionários, a quem foi oferecida a oportunidade de trabalhar em outras fábricas da empresa. Desde então, a produção está sendo transferida de São Bernardo do Campo, em São Paulo, para fábricas de Indaiatuba e Sorocaba, no mesmo estado. A operação deve ser finalizada até o final de 2023.

Já o Grupo Carrefour Brasil informou não haver demissões relacionadas ao contexto político ou econômico do País e garantiu que as atividades no Brasil seguem em “franca expansão”. Conforme a assessoria de imprensa, o grupo emprega, atualmente, 150 mil pessoas.

O grupo Stellantis, que controla a montadora francesa PSA Group, responsável pela Citroën, informou que o conteúdo que circula nas redes sociais é “totalmente improcedente e sem contato com a realidade”. A assessoria de imprensa afirma que as operações industriais seguem normalmente no País e que o grupo consolidou, ano passado, a liderança do mercado brasileiro, com 32,9% de participação nas vendas totais e mais de 646 mil unidades comercializadas. 

O Grupo Guararapes, ao qual pertence a Riachuelo, confirmou ao Estadão o encerramento, na terça-feira, 17, das atividades de uma fábrica em Fortaleza (CE). Com isso, foram demitidas cerca de 2 mil pessoas. De acordo com a empresa, não há relação com a atual política econômica. Conforme a assessoria de comunicação, agora a produção fabril será centralizada em Natal, no Rio Grande do Norte, e este é um movimento estratégico adotado para conferir mais eficiência, centralização operacional e competitividade. A companhia comunicou estar preservando a cadeia produtiva nacional, transferindo a produção de um estado para o outro, e que estão sendo gerados novos postos de trabalho.

A BRF S.A., companhia de alimentos que tem a Sadia entre suas marcas, informou não haver nenhum movimento programado de redução do quadro de colaboradores e que a rotatividade de empregados está em linha com o observado em anos anteriores para o período. Além de negar os 1.800 desligamentos, a companhia afirma ter pelo menos 1.060 vagas abertas para contratação em suas unidades produtivas.

A assessoria de imprensa da Cacau Show informou ser falsa a alegação feita no vídeo e destacou que a marca está em amplo crescimento, tendo inaugurado mil lojas novas no ano passado e uma fábrica em Linhares (ES), gerando mais empregos.

A IFood informou que a afirmação feita no vídeo é inverídica e compartilhou link com informações sobre os principais números da empresa no Brasil. A quantidade de funcionários gira em torno de 5 mil, o que tornaria impossível a demissão de 17 mil.

A Uber, apontada com 12 mil demissões, negou as afirmações feitas no vídeo e destacou que o site da empresa divulga que a empresa possui aproximadamente mil funcionários no Brasil.

O Mercado Pago informou serem falsas as alegações de que teria desligado grande volume de colaboradores em 2023 e destaca que o volume citado no vídeo é maior que o quadro total de colaboradores no Brasil. Além disso, acrescenta que a empresa contratou cerca de 300 pessoas em 2022 e que nos primeiros dias de janeiro já somou dezenas de profissionais ao quadro. Há, ainda, 120 vagas abertas em diferentes áreas e previsão de criação de outras neste ano, acompanhando o crescimento da operação.

A Amazon negou à reportagem o número de demissões no Brasil apresentado no vídeo e encaminhou posicionamento do CEO da empresa, Andy Jassy, sobre as mais de 18 mil demissões anunciadas entre novembro de 2022 e janeiro de 2023 em todo o mundo, não apenas no País, em razão de “incertezas econômicas” globais.

A General Mills, responsável pela marca Yoki, confirmou que irá transferir as atividades da unidade de Cambará, no Paraná, onde emprega 750 pessoas, para a planta em Pouso Alegre, em Minas Gerais, o que acarretará em demissões. No entanto, segundo a assessoria de imprensa, a decisão foi tomada há vários meses, não agora em janeiro, e se baseou exclusivamente na busca por uma maior integração entre as estruturas fabril e logística da empresa. A mudança será colocada em prática a partir de dezembro deste ano e a empresa garante que irá ofertar diversas oportunidades de transferência para colaboradores que tenham interesse de seguir no quadro.

As demais empresas citadas na lista são a Lojas Americanas, o Frigorífico Bom Boi, o Twitter, a Rede Baratão Supermercados e o app 99, as quais não retornaram o contato feito pelo Estadão. 

*Checagem feita pelo Estadão Verifica