A expansão do sistema de educação remota tornou-se uma realidade nacional dentro do contexto de pandemia. Em Frederico Westphalen, os professores da rede pública e privada foram direcionados a uma nova forma de ensinar. Complexo e desafiante, o ensino remoto trouxe desafios e aprendizados para alunos e professores.
Para os docentes o objetivo é um só: manter a qualidade do ensino presencial, mesmo que através da tela de um computador ou celular. Para isso os obstáculos são muitos.
Levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apontou que quase 90% dos professores não tinham experiência com aulas remotas antes da pandemia e que muitos deles, cerca de 42%, não recebeu treinamento para desempenhar tal função.
A reformulação do modo de ensinar se deu em meio a um cenário de muitos questionamentos, como explica Ana Paula Grabowski, professora dos anos iniciais do ensino fundamental na Escola Estadual Sepé Tiaraju de Frederico Westphalen. “ Na prática sempre surgiam muitas dúvidas, tudo nos deixava na situação de não ter a certeza imediata de como agir”, afirma.
A adaptação foi se estabelecendo na prática diária. Sobre a mudança didática, a professora Paula pontua que a gestão do tempo e a forma de expressão do conteúdo foram as principais mudanças:
Desafios do online
O principal obstáculo dos professores é saber se, de fato, o conteúdo repassado por meio das aulas online está sendo bem compreendido pelos alunos. A professora Ana Paula lembra que durante as aulas presenciais existe um conjunto de elementos avaliativos que permitem um entendimento maior sobre o nível de aprendizado de cada aluno, algo que no ensino remoto torna-se muito difícil.
“Todo dia você observa o aluno, você sabe se ele está fazendo as atividades ou não, você está acompanhando e observando a evolução por meio de respostas orais, motoras e de comportamento.” comenta a prof. Ana Paula.
Diante de tudo isso, a avaliação se tornou o grande desafio como relata Ana Paula:
Tecnologia e a busca por novos conhecimentos
A professora Ivone Viech leciona história e geografia para alunos do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neja), ela conta que foi pega de surpresa pela necessidade da mudança na forma de ensinar. “Um determinado dia estávamos em sala de aula, com planejamento, com objetivos e metas, trabalhando com nossos alunos e no dia seguinte, em função da pandemia, informamos os estudantes que, a partir daquele momento, as aulas seriam online.” relata.
A adaptação não foi fácil. As novidades, sobretudo tecnológicas, assustaram de início a experiente professora, que precisou buscar novos conhecimentos para ministrar suas aulas:
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Os desafios impostos pelas aulas online serviram, ainda segundo Ivone, para dimensionar a importância do professor, já que as dificuldades apresentadas explicitaram que a educação não é meramente técnica. “ Educação é aproximação, educação é amor, é nisso que baseei minha trajetória como professora e que baseio até os dias de hoje e que continuarei me baseando nisso, ou seja, ao entrar na sala de aula você precisa se aproximar do aluno e fazer com que ele se sinta parte da escola”, comenta a professora.
Ivone ainda relata que essa experiência lhe trouxe muitos aprendizados, profissionais e pessoais e lamenta que, mesmo diante de tantas provações, o professor foi desvalorizado enquanto profissional:
A experiência das aulas virtuais também foi totalmente nova para professora Roze Lara Grassi, Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Giusto Damo. “Para mim e para a maioria dos professores que estávamos habituados ao ensino presencial. Contudo, o desafio da mudança nos levou a buscar alternativas visando garantir condições de aprendizagem aos estudantes neste ano atípico”, relata Roze.
Várias possibilidades foram experimentadas pelas escolas , entre elas as aulas on line, utilizando a ferramenta Google Sala de Aula ou Google Classroom. Diariamente essas redes são abastecidas com postagens das atividades conforme horário escolar das disciplinas e respectiva correção, reuniões de vídeo pelo Google Meet com explicação dos conteúdos e apresentações de trabalhos também foram adotadas.
A maioria das escolas também adotou a entrega de materiais de forma presencial mensalmente recolhido para correção, com orientações escritas impressas e feitas diariamente pelo Whatsapp e/ou Google Sala de Aula.
2020 não é ano perdido
“Esse ano é um ano perdido para o ensino”. Essa é uma frase comumente ouvida em 2020, porém. não condiz com a realidade. Para a professora Ana Paula Grabowski, não se deve subestimar ou minimizar os aprendizados construídos nesse período:
No Rio Grande do Sul, mais 800 mil alunos e 60 mil professores foram inseridos no cenário das aulas remotas. Desde o último dia 08 de setembro, o estado colocou em prática a retomada gradual das aulas, porém, com a decisão passa pelos governos municipais e pelas condições em que cada município se encontra, as aulas remotas continuam como uma realidade permanente. Com isso, abriu-se no horizonte educacional uma nova forma de ensinar: O ensino híbrido.
Segundo a professora e consultora em Ensino Híbrido, Tamara Bittencourt, esse é o momento de uma mudança de prática pedagógica. ” Este novo momento na educação exige de nós, professores, muito mais um perfil orientador, de competências e habilidades, do que de executor de tarefas. É uma mudança de prática pedagógica que reduz o manuseio de papeis e canetas e aumenta as tecnologias digitais com foco na orientação do ensino”, explica a especialista Tamara.
Ainda, de acordo com ela, esta nova realidade abre perspectivas para novas formas de aprender e fazer pedagógico. “A educação híbrida nos permite uma nova cultura de aprendizagem, com uso de metodologias ativas, de diálogo, comunicação em rede, colaboração e horizontalidade na solução de problemas”, reitera a professora.
Em Frederico Westphalen as aulas presenciais seguem suspensas e as tecnologias permanecerão no vocabulários dos professores que mudaram de rotina, mas não de objetivo que é propiciar conhecimento para gerações futuras.
por: Rodrigo D’avila