Conflito entre indígenas no RS deixa feridos, casas incendiadas e faz cacique deixar a reserva

Um conflito entre indígenas de uma reserva indígena Nonoai, no Norte do RS, já dura pelo menos três dias e deixou quatro feridos. A reserva tem 36.908 hectares e abriga mais de quatro mil pessoas em quatro municípios: Nonoai, Rio dos ÍndiosGramado dos Loureiros e Planalto.

Para tentar controlar a situação, o Batalhão de Choque da Brigada Militar de Passo Fundo foi acionado, e a Força Nacional, que atua na região desde 2021, reforçou a presença na aldeia.

Segundo a Brigada Militar, a violência teria sido motivada por uma disputa pela posição de cacique, após uma eleição no último domingo (16).

 

O atual cacique, José Orestes do Nascimento, de 75 anos, deixou o território em meio ao conflito. Em entrevista à RBS TV, ele negou que tenha havido votação. Nascimento está à frente da liderança há 45 anos e afirma que o conflito foi provocado por dois capitães de sua gestão que teriam tentado tomar o poder.

Segundo o cacique, os dois estariam organizando um movimento para destituí-lo e, por isso, os removeu das funções de capitão há cerca de 60 dias. Em resposta, teriam se reunido em um grupo de cerca de 50 a 60 pessoas e começaram a agir para assumir a liderança da reserva, conforme relato. Nos últimos dias, ainda teriam coletado assinaturas para legitimar a troca de comando.

 

“Chegavam com uma arma na cabeça das pessoas e obrigavam a assinar. Muitos assinaram pra não levar um tiro. Ninguém queria a troca do cacique, só esse grupo que resolveu tomar o poder”, disse Nascimento.

 

Durante os confrontos, quatro indígenas foram baleados. Um deles foi encaminhado em estado grave ao Hospital de Erechim. Além disso, casas foram incendiadas e os acessos à reserva bloqueados, impedindo a chegada dos bombeiros.

Diante da escalada da violência, o cacique precisou deixar a reserva.

“Aqui sempre vivemos em harmonia. Há 45 anos sou cacique e nunca tivemos problema. Agora tá todo mundo com medo de voltar pra casa”, desabafou.

Segundo informações repassadas por representantes da liderança da Terra Indígena em Nonoai, deve ser realizada ainda nesta terça-feira (19) uma reunião com a Funai e o Ministério dos Povos Indígenas para garantir a volta das famílias para suas casas em segurança.

Fonte: g1 RS

Foto: Imgens cedidas