Comunidade da UFSM/FW é refém de transporte precário

Assim como na sede em Santa Maria, o campus da UFSM em Frederico Westphalen fica bem distante do centro da cidade: aproximadamente sete quilômetros. Mas, diferente do campus sede que, mesmo com inúmeras críticas, é servido por uma frota que faz parte do transporte público de Santa Maria, a cidade de Frederico não possui transporte público. E, com isso, o campus é atendido por uma única empresa, que transporta as pessoas que precisam ir para a universidade, com horários que ela (empresa) considera viáveis.

Na semana passada, o tema, que já é antigo, voltou ao centro do debate a partir de uma nota publicada em rede social pelo Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFSM. Na publicação, além de reclamar das medidas da empresa em relação ao transporte para o campus, a representação discente também criticou a direção do campus, que não teria informado as alterações de horário no período de recesso.

O diretor da Unidade, professor Braulio Caron, explica que o problema é antigo e que já foram inúmeras reuniões e audiências públicas para discutir o tema do transporte coletivo e, segundo ele, em muitas dessas atividades, estudantes, que seriam os/as principais interessados/as, tiveram pouca participação.  

A justificativa sobre a situação do transporte por parte da empresa é que devido ao número de usuários ser considerado baixo, o que pode ser oferecido é isso, ou seja, um serviço precário.

Luciano Schuch, reitor da UFSM, ressalta que o diálogo com a prefeitura e a Câmara de Vereadores de Frederico acontece já há algum tempo, mas alegações são sempre de que a demanda é baixa para ampliar horários. “Junto com o IFFar (Instituto Federal Farroupilha), a gente pediu todos os horários dos ônibus agora no recesso e também e depois da volta às aulas, para poder fazer alguma intervenção. Mas, é um problema crônico da cidade e da região e a gente vem pressionando a prefeitura já há um bom tempo em relação à viabilidade de mais ônibus e mais horários”, diz o reitor.

A planilha de horários atual que a empresa divulgou cobre o período de 23 de julho a 15 de agosto, ou seja, com mesmos horários definidos tanto em duas semanas de recesso como nas duas primeiras semanas de aula com o segundo semestre da UFSM sendo retomado já na segunda, 4 de agosto. Braulio Caron, que retornou de férias esta semana, explicou que está em contato com o IFFar para buscarem, juntos, eventuais ajustes nos horários com a empresa.

 

Questão política

Fabiana Pereira, professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM/FW, também diretora da Sedufsm, é uma usuária do transporte coletivo e sente as dificuldades. “A empresa de transporte é única e ela muda os horários há muito tempo. Por exemplo, em janeiro, a empresa faz 15 dias de recesso e não se importa se as pessoas precisam ou não ir para o campus”, critica.

Para a docente, o problema não é simples e o que seria preciso é unir forças, somando a direção do campus e do Instituto Federal Farroupilha, junto com a reitoria da UFSM, para buscar apoio político nessa questão. “É uma briga política e por isso precisamos nos unir para cobrar da prefeitura e dos demais segmentos políticos da cidade”, enfatiza Fabiana.

Ela ressalta ainda que a cidade tem que considerar o aumento de receita que é oriundo de servidores e estudantes das instituições públicas, UFSM e IFFar, e oferecer condições mínimas, como de transporte, para que as pessoas tenham mobilidade na cidade: “É contrapartida básica do município que se propôs a receber o campus. Ainda, com a entrada de recursos provenientes de salários e bolsas estudantis, ganham imobiliárias, supermercados, farmácias, entre tantos outros empreendimentos locais. E o transporte está totalmente vinculado à questão de permanência de estudantes no campus de Frederico e no estímulo para que novos estudantes venham para nossos cursos”.

Anna Luiza Carvalho, estudante do 8º semestre de Engenharia Florestal na UFSM/FW e também integrante do DCE, diz que participou no ano passado de uma reunião pública para discutir o transporte público na cidade. Porém, não houve avanços. “O que me passa é que existe uma grande má vontade do município em ter transporte público. Por isso, preferem fretar os ônibus da Urbanotur”, destaca ela.

A estudante lembra que Frederico Westphalen é considerada um polo regional e cidades vizinhas, até de menor população, já existe transporte público, o que deveria servir de exemplo para um município que fala na necessidade de acolher bem os estudantes.

No início da noite de quarta-feira, 30 de julho, conforme Mesias Carneiro, que também faz parte do DCE, estudantes vinculados à UFSM FW e ao IFFar tiveram uma reunião sobre a questão do transporte. Do encontro tiraram a proposição de realizar um abaixo assinado com reivindicações de melhorias, como por exemplo, a ampliação dos horários, a melhoria da frota e a redução do preço da passagem.

Conforme a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFSM, que agora vai garantir 100% do subsídio para a meia passagem de estudantes com Benefício Sócioeconômico (BSE), a tarifa per capita em Frederico é a mais cara entre os três campi fora de sede: FW (R$ 3,80), Cachoeira do Sul (R$ 3,00) e Palmeira das Missões (R$ 2,00). 

 

Fonte: Assessoria de imprensa da Sedufsm

Texto e foto: Fritz R. Nunes