Leandro Boldrini, pai de Bernardo Uglione Boldrini, morto em abril de 2014, em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul, foi desligado do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) após ter o registro médico cassado na última terça-feira (11).
Em março de 2024, ele foi selecionado para uma vaga no programa de residência médica do Husm, mantido pela UFSM.
A direção da instituição confirmou, na noite desta sexta-feira (14), que recebeu do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) a orientação para fazer o desligamento de Boldrini. A reportagem apurou que o condenado não poderá mais ingressar no hospital como profissional da medicina: sistemas de acesso e crachá cancelados.
Ainda na sexta-feira, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a decisão com a cassação do registro (veja abaixo).
Cassação do registro
O CFM reconheceu a legitimidade do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) para recorrer da decisão do Cremers, que havia absolvido o médico Leandro Boldrini em processo ético-profissional, permitindo que ele continuasse a exercer a medicina.
Em novembro de 2023, o Cremers absolveu Boldrini, concluindo que não havia evidências de que ele tivesse violado o Código de Ética Médica. No entanto, o MPRS contestou essa decisão, argumentando que, devido à gravidade do crime pelo qual Boldrini foi condenado, ele não deveria continuar a exercer a medicina.
A defesa de Leandro afirma que ” existem diversas questões preliminares arguidas pela defesa que desafiam uma avaliação judicial, por isso ajuizaremos a ação anulatória nos próximos dias”. Leia a íntegra.
Leandro Boldrini frequentava desde o ano passado o programa de residência médica no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Até a última atualização desta reportagem, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) afirmava não ter recebido comunicação oficial da decisão. Para seguir com os trâmites de desligamento, é necessário a comunicação oficial.
Leandro foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão em 2022. O pai de Bernardo foi responsabilizado pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
De acordo com o MPRS, esta é uma decisão inédita, sendo a primeira vez que uma Promotoria atuou administrativamente junto aos conselhos de medicina.
Nota da defesa de Leandro Boldrini
“Em razão das recentes solicitações de esclarecimento sobre o procedimento ético-profissional em trâmite junto ao Conselho Federal de Medicina, esclareço que o referido processo está sujeito a sigilo, nos termos da legislação vigente.
Por força de lei, não me é permitido comentar os fundamentos da decisão, tampouco fazer qualquer manifestação sobre seu conteúdo. Como advogado, tenho o dever de respeitar o sigilo determinado por norma federal, razão pela qual não posso oferecer maiores informações a respeito do caso.
Ressalto, ainda, que existem diversas questões preliminares arguidas pela defesa que desafiam uma avaliação judicial, por isso ajuizaremos a ação anulatória nos próximos dias.
Reitero meu respeito pelo trabalho da imprensa.
Santa Cruz do Sul, 14 de fevereiro de 2025.
Ezequiel Vetoretti”