O processo criminal relativo ao assassinato que chocou o país em abril deste ano, do menino Bernardo Uglione Boldrini, de Três Passos, chega ao final de 2014 com 25 testemunhas de acusação e 29 de defesa ouvidas, em um total de 20 audiências judiciais realizadas na cidade onde ocorreu o fato e em outras 12. Ainda está prevista mais uma audiência em Santa Maria, para ouvir duas pessoas, sem data definida. Uma outra testemunha, que seria ouvida em Itapema, no estado de Santa Catarina, não foi localizada. A Promotora de Justiça Silvia Jappe é a titular do caso.
Na sequência, ocorrerá o interrogatório dos réus Leandro Boldrini, pai de Bernardo; Graciele Ugulini, madrasta da vítima; Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele; e Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia. Em seguida será aberto o prazo para que as defesas dos denunciados pelo Ministério Público apresentem as suas argumentações. Somente após toda essa tramitação é que o Juiz titular do processo, Marcos Luís Agostini, decidirá se os quatro réus serão submetidos ao Tribunal do Júri.
Até o momento foram negados quatro habeas corpus de Leandro Boldrini, dois de Evandro Wirganovicz, um de Graciele Ugulini e um de Edelvânia Wirganovicz, todos postulando a liberdade dos réus. Também foi negado um pedido da madrasta para receber visita da filha, de um ano, na penitenciária onde está recolhida. Outra medida tentada pela defesa de Graciele foi um mandado de segurança pedindo que a Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça não acompanhasse mais as audiências e que todo conteúdo postado no site do TJ fosse retirado do ar. O pedido foi negado em um primeiro momento liminarmente. Recentemente o Órgão Especial do TJ confirmou a decisão ao julgar o mérito do instrumento jurídico.
Na avaliação da Promotora de Justiça Silvia Jappe as provas até então produzidas confirmam a tese acusatória, sendo suficientes para levar os réus a julgamento perante o Tribunal do Júri, nos exatos termos da denúncia. “As testemunhas da acusação e, inclusive, algumas da defesa, evidenciaram a situação vivida pelo menino Bernardo, no que diz respeito ao descaso por parte do pai e da madrasta, que o consideravam um “estorvo”. Também, foi demonstrado que, como pano de fundo dessa tragédia, havia interesse patrimonial dos envolvidos”, destaca. Silvia Jappe também ressalta que, apesar da ausência de testemunhas presenciais, o passo a passo do dia do homicídio e dos dois dias que o antecederam ficou demonstrado com bastante clareza. “O MP espera que, em breve, sejam colhidos os depoimentos das testemunhas ainda não ouvidas, realizando-se o interrogatório dos réus ainda no início do ano que vem”. A Promotora evidencia, ainda, a celeridade na tramitação do feito, principalmente tendo em vista a complexidade do caso e o número de acusados.