O Juizado do Torcedor e Grandes Eventos do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul arquivou o processo contra o intérprete do Saci do Internacional, indiciado pela Polícia Civil por importunação sexual contra uma repórter e uma torcedora. Segundo o Ministério Público (MP), que pediu o arquivamento do caso, “não houve dolo para o crime, que seria a existência de lascívia [desejo] sexual”.
De acordo com o MP, a promotora Débora Balzan, da Promotoria do Torcedor, considerou que “não há elementos ou indícios da ocorrência do crime de importunação sexual pelo qual o funcionário do Inter foi indiciado pela Polícia Civil”.
Apesar do arquivamento do processo, Gustavo Acioli Astarita, de 30 anos, vai responder por conduta inconveniente, que é uma contravenção penal. A Justiça deve designar uma data para a audiência.
O g1 tentou contato com a defesa de Gustavo após a conclusão do inquérito, mas não obteve retorno. O ator foi demitido pelo Internacional.
A decisão da Justiça foi tomada em junho, segundo o MP. Em março, a Polícia Civil concluiu que o ator cometeu o crime, após ouvir as mulheres e analisar imagens de câmeras de videomonitoramento. Segundo a delegada Cristiane Ramos, o intérprete do Saci admitiu ter beijado a repórter à força.
“Em nenhum momento o indivíduo negou que tenha beijado ela à força. Na verdade ele admite que beijou ela à força, só que ele diz que fez isso para, usando as palavras dele, ‘tirar uma onda’ com ela, que era a única repórter ali vinculada ao Grêmio”, afirmou a delegada, na época.
O caso ocorreu durante o clássico Grenal, jogo disputado entre Grêmio e Internacional, realizado em fevereiro no Estádio Beira-Rio. Uma repórter e uma torcedora colorada denunciaram casos de importunação sexual na partida do dia 25 de fevereiro.
Relembre o caso
A jornalista Gisele Kümpel, do Canal Monumental, relatou ter sido abraçada e beijada sem consentimento pelo funcionário do Internacional logo após a equipe colorada ter marcado o gol da vitória contra o Grêmio.
“Quando sai o gol, em vez de comemorar com a torcida, ele vem e para do meu lado. Eu estava relatando o lance para o canal e ele vem e me abraça de lado. Fecha os dois braços em mim e fica alguns segundos. Não foi um tapinha nas costas. E ele, com a máscara, vem para me dar um beijo. Senti o suor dele em mim e o barulho do beijo”, contou a repórter, em fevereiro.
Gisele conta que, depois do caso, que aconteceu nos últimos instantes da partida, ficou paralisada, com o que considera que possa ter sido uma crise de pânico. A repórter foi à delegacia da Polícia Civil no Estádio Beira-Rio e registrou um boletim de ocorrência contra o funcionário.
A Justiça do Rio Grande do Sul concedeu, no dia 3 de março, uma medida protetiva à repórter Gisele Kümpel.