Produzido pelas abelhas a partir do néctar recolhido de flores, o mel pode ser utilizado como adoçante natural, geleia real e própolis. No Brasil, a produção é favorecida devido às condições climáticas. Além do uso culinário, o mel pode ser utilizado como cosmético, para, por exemplo, hidratar o cabelo e a pele. Outras funcionalidades estão presentes em diversos benefícios para a saúde, como explica a nutricionista Nicoli Brek, especialista em transtornos alimentares pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.
“É uma fonte rápida de energia; tem ações antioxidantes, ou seja, protege as nossas células de radicais livres, retardando o envelhecimento, por exemplo; melhora o sistema imunológico, por conter vitaminas do complexo B e C; tem uma ação antimicrobiana; pode melhorar o intestino também”, detalha.
Com tantos benefícios, a comercialização do mel possui uma tradição e pode ser bastante rentável nos dias atuais. No sítio Areia Branca, na cidade de Tietê (SP), por exemplo, a produtora Adriana Lucchese dá continuidade ao trabalho de apicultura iniciado pelo sogro há mais de 50 anos.
A produção começou para consumo próprio, mas com o interesse de amigos e parentes pelo produto, Adriana e a família decidiram comercializar o mel.
“O contato que a gente tem com a natureza, a gente enxerga as mãos do criador quando vemos o trabalho das abelhas, cada fase delas, o que cada uma delas executa com o comando da rainha. Então é um lucro que não é só o dinheiro, mas todos os tipos lucros que eu posso imaginar”, avalia.
Adriana explica que o mel é retirado da colmeia durante os meses de verão, já que no inverno as abelhas produzem em menor quantidade. De abril até agosto, a produtora não mexe no apiário, pois o mel desta época é para o consumo exclusivo das abelhas.
“Então, a partir de agosto a gente começa a preparar as caixas. tem que ser bem cedinho, de madrugada ou à noite, porque vestimos uma roupa que é bastante quente e esse trabalho é sempre feito em uma época de calor. Então temos que ir numa hora mais fresca do dia”, explica.
Dylan Thomas Telles é mestrando em recursos genéticos vegetais na Universidade Federal de Santa Catarina. Ele está pesquisando na área de polinização, conservação e biologia de abelhas.
Dylan explica que a produção artesanal pode ser feita tanto nas áreas rurais como urbanas desde que se pense nas condições da paisagem onde as abelhas serão criadas.
“Como as abelhas sobrevivem coletando recursos florais, de árvores, plantas, esses elementos são necessários na paisagem circundante ao local de criação. Então seria o ideal se criar próximo a um parque, de uma área urbana com jardins para que as abelhas possam recolher esses recursos florais. O próprio meliponicultor deveria plantar algumas espécies para que essas abelhas possam retirar alguns recursos, uma vez que quando se inserir nesse campo de criação de abelhas tem que se considerar também a paisagem e não apenas a espécie e a abelha que está sendo criada”, afirma.
A escolha entre abelhas com ou sem ferrão também interfere na textura e no sabor do mel. Para o cultivo na cidade, Dylan reforça ainda que as espécies com ferrão são proibidas, sendo permitidas somente nas áreas rurais.
O pesquisador também destaca a importância do mel como um bom investimento para produtores familiares, seja para comercialização ou consumo próprio.
“Quem tem a ideia e a vontade de começar a criar abelhas nativas é bastante importante que procure se informar. Leia, busque informação, converse com um meliponicultor. Existem diversos grupos na internet voltados somente para a criação de abelhas nativas. Então, antes de investir no exame de abelhas, que muitas vezes não é barato, é bastante importante que a pessoa se informe e aprenda sobre os manejos, para que o exame não morra e para que a pessoa não gaste dinheiro à toa”.
Pelo planeta, são 52 gêneros e cerca de 300 espécies de abelhas identificadas.
*Brasil de Fato