Circula a informação de que Manaus recebeu cilindros de oxigênio do governo federal em menos de 48 horas durante a crise hospitalar em janeiro de 2021. Tome cuidado, essa notícia é falsa!
Essa é uma das afirmações falsas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), durante entrevista concedida ao Jornal Nacional na noite desta segunda-feira (22). Indagado sobre a atuação do governo federal na crise da pandemia de Covid-19 na capital amazonense em janeiro de 2021, quando os hospitais da capital entraram em colapso e pacientes morreram por falta de oxigênio, Bolsonaro argumentou que em menos de 48 horas já estava chegando cilindros em Manaus e que tudo “aconteceu de uma hora para outra”.
No entanto, passaram-se oito dias entre o primeiro aviso sobre o colapso do sistema de saúde em Manaus, em 6 de janeiro de 2021, e a distribuição efetiva de cilindros de oxigênio, no dia 14. No dia 6, o ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, recebeu em Brasília o então governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), que afirmou que a cepa do novo coronavírus descoberta na capital do estado poderia aprofundar ainda mais a crise de saúde, e que a falta de cilindros de oxigênio em Manaus era grave.
A distribuição efetiva de cilindros e a transferência dos doentes para outros hospitais ocorreu apenas a partir do dia 14, quando a crise ganhou projeção nacional. Dias antes, em 11 de janeiro, Pazuello esteve na cidade e promoveu o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19.
Além disso, um inquérito da Polícia Federal que investigou Eduardo Pazuello reuniu evidências de que ele e o comando do Exército na Amazônia foram formalmente avisados sobre a “iminência de esgotamento” de oxigênio em Manaus em janeiro, cinco dias antes do colapso, com pedidos de socorro não atendidos a contento.
Mais avisos foram dados pelo menos quatro dias antes do absoluto colapso dos hospitais da cidade que atendem pacientes com Covid-19, inclusive um hospital universitário federal, o Getúlio Vargas.
Os mesmos alertas vinham sendo dados pela empresa fabricante do oxigênio e principal fornecedora dos hospitais, a White Martins. A empresa fez alertas mais incisivos desde o dia 7 de janeiro sobre a impossibilidade de o fornecimento acompanhar o aumento da demanda.