É #FAKE que OMS teria se desculpado por ter sido contra o uso de cloroquina e azitromicina no tratamento contra a Covid-19

Circula pela internet uma mensagem que diz que a OMS teria se desculpado por ter sido contra o uso de cloroquina e azitromicina no tratamento contra a Covid-19. Tome cuidado, essa notícia é falsa! 

O conteúdo com a informação falsa se baseia no trecho de um vídeo em que o apresentador Sikêra Júnior afirma que a Organização Mundial da Saúde (OMS) se desculpou por “não ter autorizado” o uso de cloroquina e azitromicina no tratamento da Covid-19. A afirmação foi feita no programa Alerta Nacional, exibido pela TV A Crítica, emissora de televisão brasileira sediada em Manaus, em 10 de junho de 2020. 

O vídeo original foi removido por violar as diretrizes da comunidade do YouTube, que não permite a exibição de conteúdo sobre a pandemia de coronavírus que apresente sérios riscos de danos significativos à saúde. 

Entretanto, a OMS nunca pediu desculpas por não recomendar os dois remédios contra o coronavírus; aliás, a entidade não é responsável por autorizar o uso dos medicamentos no País. Este papel cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Na época da polêmica, o “pedido de desculpas” era uma interpretação errônea de uma declaração do diretor de emergência sanitária da OMS, Michael Ryan, em uma entrevista coletiva concedida no dia 5 de junho daquele ano. 

Na ocasião, Ryan foi questionado sobre a retomada de uma pesquisa da OMS sobre o uso de hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 após a revista The Lancet retratar um estudo sobre o assunto. Ocorre que o diretor nunca pediu desculpas por a OMS não recomendar o medicamento no combate à covid-19 e nem por ter retomado as pesquisas. Ele se desculpou por possíveis sinais conflitantes da comunidade científica que possam ter causado confusão ao longo da pandemia. 

As recomendações mais atuais da OMS sobre uso de terapias no tratamento de covid-19 foram publicadas em 14 de julho de 2022. O documento manteve a forte recomendação contra o uso de hidroxicloroquina em pacientes com qualquer gravidade da doença, existente desde 17 de dezembro de 2020. 

Mesmo após quase dois anos de pandemia de Covid-19, posts nas redes sociais ainda defendem que a cloroquina e a azitromicina sejam usadas para prevenir a doença, compondo o chamado ‘kit covid’. No entanto, isso não é eficaz e nem seguro para a saúde. A hidroxicloroquina, por exemplo, pode ter efeitos colaterais graves, incluindo lesão hepática aguda, convulsões e problemas cardiovasculares.