Está circulando pelas redes sociais um vídeo em que um agente abre a peça de um automóvel e retira barras de ouro com a alegação de que se trata de uma apreensão feita pelo Exército relacionada a “ONGs que operam na Amazônia brasileira”. Tome cuidado, essa é uma notícia falsa!
O vídeo, reproduzido mais de 22 mil vezes desde 17 de junho de 2022, mostra uma suposta apreensão de barras de ouro em Montes Claros de Goiás, cidade do oeste goiano. Na legenda do conteúdo, os autores das publicações afirmam ser uma investigação do Exército brasileiro, que desconfiava da quantidade de motores enviados por ONGs que atuam na Amazônia para fora do país para conserto.
Contudo, a cena não foi gravada durante uma operação do Exército, mas sim do Comando de Operações de Divisas (COD) da Polícia Militar de Goiás. Segundo a instituição, o ouro encontrado era “proveniente de garimpos e explorações ilegais”, localizadas no Pará e no Mato Grosso.
Uma busca no perfil da divisão no Instagram levou a uma publicação que continha o mesmo vídeo viralizado junto com outras imagens das barras de ouro. Na legenda, uma nota informava que se tratava de uma operação realizada na madrugada daquele mesmo 18 de fevereiro que apreendeu 19 barras de ouro, encontradas em uma caixa de câmbio. Os dois ocupantes do veículo foram presos.
A instituição ainda confirmou à AFP, projeto que investigou o caso, que o vídeo compartilhado nas redes sociais é vinculado à operação da PM de Goiás, e não ao Exército, e enviou o vídeo completo para comparação. A operação teve suporte do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), no âmbito da Operação Hórus.
A operação da PM teve suporte do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), no âmbito da Operação Hórus, apoiada pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do pasta, de acordo com nota publicada em 23 de fevereiro de 2022.
A Operação Hórus, já tem três anos de atuação no combate ao crime nas fronteiras e divisas do país, movimentando mais de 1000 operadores de segurança por dia. Até hoje, o trabalho integrado impediu um rombo de R$ 762 milhões aos cofres públicos do Brasil e causou prejuízo aos criminosos de cerca de R$ 5,6 bilhões.
O Exército, apontado por usuários como a instituição responsável pela operação, também respondeu a questionamentos sobre uma possível participação na ação. Em 24 de fevereiro de 2022, seu centro de comunicação social informou: “O Exército Brasileiro não teve participação em operações recentes com apreensão de ouro na Amazônia”.
Portanto, são enganosas as publicações nas redes sociais que atribuem transporte ilegal de barras de ouro a ONGs que atuam na Amazônia. O texto original não faz qualquer menção a ONGs da Amazônia, e os órgãos responsáveis também não relacionam as instituições à apreensão.
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