Está circulando pelas redes sociais uma mensagem viral que afirma que o indigenista Bruno Pereira e o repórter Dom Phillips entraram na reserva do Javari juntos sem autorização da Funai. Tome cuidado, essa é uma notícia falsa!
Em 5 de junho de 2022, o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados durante uma viagem pelo Vale do Javari, segunda maior terra indígena do Brasil, no extremo-oeste do Amazonas.
Um laudo de peritos da Polícia Federal confirmou, neste sábado (18), que Bruno e Dom foram mortos a tiros, com munição de caça. Os corpos das vítimas ainda teriam sido esquartejados e enterrados.
A motivação do crime ainda é incerta, mas a polícia apura se há relação com a denúncia das atividade de pesca ilegal e tráfico de drogas na região. Três suspeitos já foram identificados, entre eles, dois foram presos e um segue foragido até esse domingo, dia 19.
O principal ponto da publicação fala que os dois entraram na área de reserva do Javari, sem autorização da FUNAI e dos órgãos competentes. Essa informação recebeu respaldo, inclusive, do presidente da Funai, Marcelo Xavier, em uma entrevista à Voz do Brasil, que afirmou que ambos entraram na área indígena sem autorização.
Entretanto, a TV Globo teve acesso a documentos que mostram que a Funai foi comunicada e autorizou a entrada de Bruno Pereira no Vale do Javari entre os dias 17 e 30 de maio. Ele entrou, sem Dom Phillips, no dia 21, no local. A equipe incluía um representante da Univaja, União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, e o presidente de uma associação de moradores da região.
Apenas no dia 1º de junho, quando Bruno já havia saído da terra indígena, ele e Dom se encontraram em Atalaia do Norte. Os dois então passaram a viajar juntos. O ponto mais distante a que eles chegaram foi o Lago do Jaburu. Ou seja, Dom não visitou a reserva e, por isso, não precisava de autorização.
A mensagem da falsa postagem também afirma que Bruno Araújo Pereira era ex-funcionário da FUNAI, e que havia sido exonerado em 2019 por condutas extremistas e incorretas ao cargo. Entretanto, Bruno ainda era funcionário do órgão, mas foi dispensado da função de Coordenador-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial da Fundação Nacional do Índio em setembro de 2019.
Servidores do órgão afirmavam na época que havia uma pressão de setores ruralistas ligados ao governo para que Bruno Pereira deixasse a coordenação de índios isolados. Mesmo assim, na época, a Funai afirmou que a mudança é “natural”, uma vez que houve renovação da presidência do órgão.
Ainda, a publicação diz que Dom Philips fazia uma reportagem em reservas indígenas, sem autorização legal da FUNAI, do IBAMA e sem o conhecimento dos Governos Estadual e Federal. O texto diz que “Ele trabalha para uma “Fundação Internacional de Jornalistas Engajados”, chamada Fundação Alicia Patterson”. No mesmo trecho, argumenta-se que essa fundação seria financiada por Bill Gates.
A Fundação Alicia Patterson afirma que a alegação é falsa. Em nota, eles confirmam que Dom Phillips recebeu uma doação da fundação, que é uma organização de caridade sem fins lucrativos financiada pelas famílias Patterson e Albright em homenagem a Alicia Patterson, que foi fundadora e editora do Newsday.
A organização comunicou que Phillips, um cidadão britânico que vivia no Brasil desde 2007, era um colaborador frequente do jornal britânico The Guardian. Ele pesquisou as mudanças climáticas e econômicas na Amazônia, e por isso estava sob uma doação da Alicia Patterson Foundation em 2021-2022. Ele trabalhava também em um livro sobre maneiras realistas de salvar a floresta tropical.
A fundação também explicou que não tem conexão com nenhum grupo supostamente chamado de “Fundação Internacional de Jornalistas Engajados” e que não recebe dinheiro de Bill Gates ou dos outros que a mensagem afirma. A Fundação Bill e Melinda Gates também refuta que ele seja doador à Fundação Alicia Patterson.
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