Câmara aprova audiência para debater Barbie inspirada em atriz trans

Nesta quarta-feira, 01, a comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um requerimento para a realização de uma audiência pública para debater “implicações psicossociais em crianças” da boneca Barbie trans.
No dia 25 de maio o brinquedo foi apresentada pela Mattel e homenageia a atriz americana Laverne Cox, mulher transgênero negra que já atuou em séries como “Inventando Anna” e “Orange Is the New Black”.
O requerimento para debater a boneca, aprovado em bloco em votação simbólica, foi apresentado pelo bolsonarista Otoni de Paula (MDB) e subscrito pelo deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA).

Posicionamento
Na reunião, Isidório afirmou ser um absurdo o país “com tanta coisa séria para cuidar resolver querer fazer fantasia, prejudicando as nossas crianças”. “Esse povo ainda não entendeu que o sexo das pessoas vem dentro da perna, entre as pernas, e os médicos anunciam quando olham, quando tira [sic] a criança. Fora disso é procedência maligna.”
A deputada Vivi Reis (PSOL) criticou o requerimento. “Querer debater sobre órgão genital de Barbie? É incabível falar de órgão genital de Barbie”, disse. “Não gostou da Barbie que tem órgão sexual masculino? É só tu não comprar a boneca. Deixa livre para quem quer comprar a boneca.”
Ela lembrou ainda que a boneca é uma homenagem a uma atriz trans. “Não existe órgão genital de bonecos. Querer falar isso é distorcer a discussão, é querer trazer para essa comissão um debate sem fundamento, um debate baseado em fake news.
Tentaram há um tempo falar de mamadeira de piroca, de kit gay, e agora vem com a história da Barbie com órgão genital para querer desviar a atenção dos reais problemas do país.”
No requerimento, Otoni de Paula propõe que sejam convidados para a audiência pública o presidente da Mattel no Brasil ou equivalente e um integrante do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Na justificativa, o bolsonarista afirma que a boneca “incorre num liberalismo teratológico que servirá para confundir as crianças sobre a natureza dos gêneros masculino-feminino, pois mulheres e homens são diferenciados pela própria natureza.”
“Cabe lembrar que o aspecto trans é uma opção tardia, feita geralmente na fase adulta. Portanto, no devido tempo do desenvolvimento a pessoa terá acesso à realidade da existência dos transexuais e agirá, caso receba boa educação, com o respeito que se deve a todos, independente da opção que escolha. Não havendo a necessidade de expor nossas crianças a tal e desnecessária experiência”, prossegue Otoni de Paula.
O deputado afirma ainda que a empresa contrariou normas de mercado que exigem ampla pesquisa de campo para alterar ou lançar novos produtos e decidiu apostar no “segmento social LGBT para, a partir daí, alcançar outros segmentos da sociedade.”