O debate sobre a formação de uma federação partidária que funcione como cimento para a pré-candidatura do PT à corrida presidencial já causa impacto direto nas articulações de partidos de esquerda e centro-esquerda no RS. Lideranças locais de siglas como PT, PSB e PCdoB divergem sobre a necessidade e os objetivos de uma grande federação que tenha o PT como participante. A federação partidária é uma novidade da eleição de 2022, aprovada pelo Congresso no ano passado, e originalmente idealizada como alternativa para salvar partidos ameaçados de extinção por não alcançarem a cláusula de barreira. Entre eles, PCdoB, Cidadania, Novo, Solidariedade, Podemos, PSol, Pros, Avante, Rede e PV.
Desde que prosperaram as tratativas para a indicação do ex-governador Geraldo Alckmin como vice de Lula, contudo, a possibilidade de formar federações partidárias ganhou novos contornos. Ao plano inicial de unir siglas pequenas ou pequenas e médias, garantindo sua sobrevivência, foi adicionado o das negociações entre PT e PSB para que o ex-tucano Alckmin se filie ao PSB e garanta a vaga do partido na chapa presidencial.
ARGUMENTOS
Uma federação, argumenta parte dos negociadores petistas, daria mais segurança a um eventual futuro governo porque, nela, as siglas participantes precisam ficar juntas e funcionar como um partido único por pelo menos quatro anos. É diferente de uma coligação, na qual os partidos podem se unir para a eleição e, depois, em caso de vitória, a qualquer tempo se separarem.
Além de “amarrar” as legendas por todo o período de governo, a federação poderia, para além de garantir grandes bancadas ao bloco de centro-esquerda, mais especificamente aumentar bancadas petistas. A formação de grandes bancadas no Senado e na Câmara, a garantia de continuidade no comando em estados onde o PT já governa e a indicação de Fernando Haddad para a disputa pelo governo de São Paulo são elencadas como prioridades.
Neste contexto, é público que o PT concorda em que o PSB fique com a cabeça de chapa no Rio de Janeiro, em Pernambuco e no Espírito Santo. E, há semanas, são ventiladas informações de que estaria disposto a abrir mão das candidaturas no Rio Grande do Sul e no Acre em favor dos socialistas. Mas, na semana passada, ao se referir ao RS, o ex-presidente Lula sugeriu que a definição sobre se o candidato será do PT ou do PSB se baseie em pesquisas que apontem qual dos postulantes se sai melhor.