
#NemPenseEmMeMatar: campanha que denuncia cultura feminicida é lançada nesta quinta
Embora o crime de feminicídio esteja no Código Penal desde 2015, o assassinato de mulheres – apenas por serem mulheres – cresce diariamente no Brasil. Ante essa realidade, o Levante Feminista contra o Feminicídio, frente suprapartidária, lança, nesta quinta-feira,25, a campanha “Nem Pense em Me Matar”, apoiada na ideia: “Quem mata uma mulher mata a humanidade!”. A atividade inicial da campanha “Nem Pense em Me Matar” será realizada em evento online, das 10h às 12h30, nas redes sociais do Levante Feminista contra o Feminicídio, são elas: Twitter, Facebook e Instagram. Já as contribuições para o financiamento coletivo do projeto podem ser feitas neste link.
Com a hashtag #NemPenseEmMeMatar, a frente busca atingir um público amplo e disseminar a ideia de que a violência contra a mulher é um problema que afeta não só as famílias, mas a sociedade inteira.
“Organizamos o levante feminista para conter a matança de mulheres no país. É a nossa forma de discordar dos decretos de armas e de toda essa onda misógina patriarcal que nós estamos vivenciando”, contextualiza Vilma Reis, socióloga, referência dos movimentos negros no país, integrante da Coalizão Negra Por Direitos. “A gente diz ‘nem pense em me matar’ e traz a ideia de ‘quem mata uma mulher mata a humanidade’ para materializar que, sem as mulheres, sem a potência feminista, o Brasil não vai para a frente.”, acrescenta.
Dados da pandemia
No primeiro semestre de 2020, ano em que a pandemia de covid-19 se alastrou pelo mundo impondo a necessidade de isolamento social, foi registrado aumento de 1,9% deste crime de ódio. Nos primeiros seis meses, foram mortas 648 brasileiras, a maioria negras e vivendo em desigualdade social.
Dados como esses e a falta de políticas públicas se agravam em um país que já ocupava o quinto lugar entre as nações que mais matam suas mulheres, conforme lista da Organização Mundial da Saúde (OMS). É com o objetivo de denunciar a omissão do Estado e exigir a proteção da vida delas que ao Levante Feminista está se organizando.
Articulação cresce por todo o Brasil
A articulação do levante foi iniciada por Vilma Reis, Marcia Tiburi, filósofa, escritora e artista, e Tania Palma, pesquisadora e assistente social.
O levante, que rapidamente ganhou corpo, é formado por cerca de 200 pessoas que se articulam remotamente para a construção de uma ação conjunta pela vida das mulheres. Entre elas, estão mulheres negras, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, das águas, das florestas, antiproibicionistas, parlamentares, dos movimentos LBTQIA+ e de outros segmentos das organizações populares e da sociedade civil.
Em manifesto construído de forma coletiva e tornado público dia 12 de março, a frente pontua de forma contundente que a existência de uma “cultura de ódio” direcionada às mulheres brasileiras precisa chegar ao fim. Também que a prática do crime de feminicídio “nunca esteve tão ostensiva e extremista” quanto agora, no governo de Jair Bolsonaro e sobretudo no contexto da pandemia do novo coronavírus. Em três dias, o documento obteve mais de 8 mil assinaturas.
Entre as denúncias, o manifesto afirma que “ideias e atitudes misóginas transformaram-se em comportamento aceito e legitimado pela sociedade, contaminando o Executivo, o Legislativo e o Judiciário capaz de sentenças sexistas e de ressuscitar arcaicos argumentos da ‘legítima defesa da honra’ e da ‘passionalidade’ como uma espécie de ‘mérito’ para absolver criminosos. Isso confirma a negligência e inoperância do Estado brasileiro no enfrentamento à violência contra as mulheres”.
O documento traça também o perfil dos matadores: “são homens que não admitem a autonomia, a igualdade e a liberdade das mulheres. São machistas, violentos que querem a redomesticação e o afastamento das mulheres da vida pública…”, “usam a violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra mulheres e seus filhos até o extremo, que é o ato do feminicídio”.
Um Levante pela vida das mulheres e pelo fim do feminicídio
Marcia Tiburi conta que a ideia de se juntar a outras mulheres contra este crime de ódio surgiu exatamente pela urgência em combater o desamparo e a negligência. “O patriarcado é um juramento de morte contra as mulheres pelos mais diversos motivos, sempre torpes”, afirma.
A filosofá espera criar, com suas companheiras, condições para superar a velha cultura feminicida: “Trata-se de uma guerra sangrenta que precisa parar. O que desejamos com a nossa campanha é estancar esse banho de sangue que vem sendo promovido pelo machismo e pela espetacularização da violência que dele faz parte.”
A campanha, que está nas redes sociais, terá ações pontuais em cada estado, organizadas pelas mulheres que vivem e conhecem a realidade específica do feminicídio em cada lugar. Para isso, estão sendo criados materiais de comunicação, exaltando a imagem dos girassóis amarelos, símbolo do Levante, que figura como sinal de esperança e celebração da vida.
“Nós estamos fazendo um trabalho de base e queremos agregar o maior número de mulheres que pudermos, mesmo aquelas que não se entendem como feministas”, explica Tania Palma.
“Estamos falando com religiosas, pescadoras, desempregadas, quilombolas, ribeirinhas”, pontua ela, que é também membro do GTFem, da Universidade Federal da Bahia, que realiza a primeira pesquisa sobre casos de feminicídio em Salvador. “Não é preciso ser feminista para querer o fim do feminicídio. A gente tem que compreender politicamente isso”, diz a pesquisadora, acreditando que todas devem ser efetivamente conquistadas para a campanha.
Além de fazer o esforço de base, o Levante se conduz pela pauta feminista que, do ponto de vista das organizadoras, é inegociável. Isso significa combater a política de militarização do governo, que tem liberado o acesso a armas e munições, com objetivo de armar a população – uma plataforma publicizada por Jair Bolsonaro. Além de almejar o fim do feminicídio, o Levante quer fortalecer a democracia.
*Brasil de Fato
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