Acusado de pedofilia é preso em Chapecó

Vídeos que relatam verdadeiras atrocidades. É uma coisa repugnante. Tem que ser muito forte para ver o que ele fazia. A potencialidade lesiva dele é muito grande”. Assim definiu o delegado Nilmar Manfrin da Silva, da Polícia Civil de Pato Branco, Paraná, responsável pela investigação e prisão de um homem, chapecoense, de 22 anos, suspeito de aliciar, coagir e abusar de crianças de todo o Brasil, usando o próprio perfil no Facebook para marcar os encontros. O homem foi preso na operação “Anjo da Guarda” na manhã desta terça-feira (20), no bairro Efapi, em Chapecó.

Conforme o delegado Nilmar, a investigação iniciou ainda no mês de janeiro e, em 20 dias, foi possível representar pela prisão do investigado. “No dia 31 de janeiro a Polícia Civil de Pato Branco foi procurada por uma mãe, completamente desesperada. Essa mãe, ao verificar as redes sociais de seu filho, uma criança de 11 anos de idade, constatou verdadeiras atrocidades. Um sujeito, inicialmente iniciou uma conversa com um perfil feminino, se passando por uma criança da mesma faixa etária do filho, 10, 11 anos. Inicialmente esse perfil mandou uma imagem pornográfica de uma criança, aparentando essa idade do sexo feminino pedindo uma imagem dele de volta”, explicou o delegado.

Nilmar conta que o pedófilo intimidava as vítimas para que mantivesse o envio frequente de fotos e vídeos. “A partir do momento que o filho dessa mulher encaminhou a primeira imagem pornográfica, ele passou a ser coagido. Todo dia ele exigia uma imagem pornográfica, um vídeo, bastante pesado, cada vez a intensidade desse vídeo era maior, passando dia a dia. Inclusive ele pedia que esses vídeos fossem gravados cometendo atos libidinosos com o próprio corpo da criança, e também ele fez com que essa criança praticasse atos libidinosos com o irmão do menino, um menor de 4 anos, gravasse e encaminhasse a ele. Em função da gravidade do assunto, nós imediatamente iniciamos uma investigação”, detalhou o delegado.

 

PRIMEIRO ENCONTRO

O primeiro encontro do homem chapecoense com a vítima de Pato Branco teria sido marcado para 03 de fevereiro, três dias após a mãe do menino procurar a polícia relatando os fatos. Segundo o delegado, através de imagens captadas pela Polícia, foi possível identificar que o homem se deslocaria até a cidade paranaense, onde se encontraria com a criança para praticar relações sexuais em troca de um sorvete.

INVESTIGAÇÃO

A assistência do Facebook na investigação foi de extrema importância para levantar detalhes sobre a vida e endereço do criminoso. “Trocamos informações com o Facebook dos Estados Unidos, com técnicos e advogados da rede social. Desde o dia 31 esses contatos foram quase que diários, na busca de informações com provedores de internet, com o Núcleo de Repressão aos Crimes Cibernéticos e, com todas essas informações, nós acabamos identificando a residência e os dados cadastrais desse sujeito em Chapecó. A partir disso, nós representamos pela prisão preventiva dele. Nós entramos em contato com a Polícia Civil aqui de SC para que pudéssemos prendê-lo”, conta o delegado Nilmar.

TRÊS PERFIS FALSOS

Até o momento a Polícia conseguiu identificar três perfis falsos usados pelo pedófilo. “Só em um desses perfis falsos, que ele usava para atrair suas vítimas, existiam mais de 70 crianças do Brasil inteiro. Crianças de Chapecó, inclusive identificadas. Perfis de Pato Branco, onde nós temos mais vítimas já identificadas. Perfis do Rio Grande do Sul, Nordeste, São Paulo, então possivelmente ele tenha vítimas no Brasil inteiro. A potencialidade lesiva dele é muito grande”, contou o delegado.

Os perfis falsos usados pelo criminoso tinham o nome de Mariana Mato, Inês Souto e Maria Isabela. “Todos os perfis sem fotos alguma, somente com o nome, e esse era uma características dele. Usava nome composto feminino, sem foto nenhuma, simplesmente adicionava os meninos sempre na faixa etária, todos de 9 a 12 anos. A partir disso iniciava o contato e buscava essas imagens”, explica. Segundo a PC, o homem inicialmente usava os perfis falsos para buscar as vítimas, em seguida, usava a rede social dele para marcar os encontros

A Polícia acredita que o homem possa ter feito outras vítimas e pede para que os pais busquem saber com quem seus filhos mantém contato. “Nós pedimos para que divulgue o máximo possível essa reportagem para que possamos identificar as crianças. Pedimos, imploramos aqui para que os pais verifiquem as redes sociais de seus filhos, para que se algum de seus filhos entrou em contato com o perfil procure a Polícia”, disse Nilmar.

MATERIAIS APREENDIDOS



Na residência do homem, a Polícia apreendeu notebook, CPU, modem, celular, pen-drive e outros materiais. O delegado João Miotto, da Polícia Civil de Chapecó, contou que no momento da prisão, por volta das 6 horas da manhã, ainda na residência, o homem disse a eles que não possuía nenhuma imagem. “Nós informamos ele que a investigação estava bem embasada com aquilo, tanto que não era somente o mandado de busca, tinha o mandado de prisão. Então nós tínhamos elementos suficientes que comprovavam esses delitos cometidos por ele. Na sequência ele acabou mostrando e colaborando conosco, dizendo onde ele armazenava esses dispositivos”, disse Miotto.

“Em uma rápida análise no próprio local nós já verificamos que existia, armazenado em um computador, uma espécie de servidor, uma pasta com centenas de arquivos envolvendo sexo de crianças e adolescentes. Inclusive, numa dessas pastas, constava o nome de uma das vítimas identificadas no Paraná, em uma das investigações que originou esse mandado. Esse material todo será analisado pela perícia para comprovar toda essa situação”, explicou o delegado.

A família do rapaz acompanhou a ação da Polícia. “De forma inicial eles se mostraram muito surpresos com essa atitude dele. Não desconfiavam. E na sequência bateu aquela questão do desespero de entender o que estava acontecendo e ver a gravidade da situação que o filho estava envolvido”, contou o delegado Miotto.

O jovem foi preso e encaminhado a Central de Plantão de Polícia (CPP). Segundo a Polícia Civil, devido o flagrante ter sido em Chapecó, o homem será encaminhado ao Presídio da cidade onde permanecerá à disposição da Justiça.

“Dessa situação ele ficará preso em Santa Catarina, em fase da questão que está sendo autuado, agora por esse crime que ele cometeu de estar armazenando esses dispositivos e compartilhar essas informações, esses vídeos e imagens pornográficas envolvendo crianças e adolescentes. Também está sendo dado um cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido pelo Paraná e, isso será comunicado a Justiça de lá, para que se ele eventualmente for solto pelo flagrante ele continuara preso em fase do mandado de prisão preventiva, aí ele possa ser encaminhado ao Paraná. Mas nesse momento ele continuará em Chapecó”, finalizou Miotto.

 

Fonte: Willian Ricardo/ClicRDC)