O governo do Estado anunciou nesta terça-feira (15) que pretende dividir o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE) em duas autarquias independentes. De acordo com o governo, o objetivo da duplicação é “modernizar o atendimento”, mas o sindicato que representa os servidores questiona a proposta afirmando que a divisão vai gerar mais gastos e não vai solucionar os problemas do IPE.
“Os problemas que nos temos hoje não vão se resolver separando em duas instituições. Hoje nós já trabalhamos com essa separação, temos as pessoas especialistas de cada área com a sinergia de usar o mesmo cadastro, os mesmos programas”, afirma Roberto Max Liebstein, presidente do Sindicato dos Servidores do Instituto de Previdência do Estado (Sindipe). Para ele, a “duplicação” do IPE não se justifica.
A ideia é criar o IPE Prev, que teria foco exclusivo na previdência dos servidores estaduais, e o IPE Saúde, destinado a gerir os serviços de assistência de saúde dos servidores e beneficiários. “O IPE precisa de uma reestruturação, mas não há necessidade de fazer isso separando o que é hoje. Isso poderia ser feito nas condições atuais, sem aumento de despesas, o que vai na contramão daquilo que o Governo do Estado vinha apregoando”, defende Liebstein.
Durante a apresentação da proposta, nesta terça-feira, o governador José Ivo Sartori prometeu que não haverá qualquer alteração na contribuição dos servidores e nem no valor descontado para a previdência. Ele alegou que sem a reestruturação do IPE, as finanças do Estado “se inviabilizam ainda mais”.
O diagnóstico sobre a necessidade de mudanças no IPE parece coincidir entre o governo e os sindicalistas, mas a forma como Sartori resolveu enfrentar o problema é alvo de críticas. Roberto Max Liebstein contou que a ideia não foi discutida com os servidores, o que na visão dele representa “uma falta de respeito com as entidades”.
“O plano de saúde do IP tem mais de 1 milhão de associados, é uma parcela significativa da população gaúcha que, bem ou mal, recebem uma assistência que se fossem buscar na rede pública não encontrariam”, argumenta o presidente do Sindipe.
O Sindicato dos Servidores do IPE solicitou, na manhã desta terça-feira, acesso aos projetos que serão enviados pelo Governo à Assembleia Legislativa para propor sugestões. Até o momento, no entanto, tudo o que eles sabem sobre as alterações está resumido em uma “carta de intenções” apresentada pelo atual presidente do IPE aos servidores.