O advogado Tadeu Frederico de Andrade, de 65 anos, prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19. “Sou um sobrevivente dessa trama macabra. Isso é uma coisa horrível”, diz Tadeu.
Convocado à CPI para ser ouvido como testemunha, a comissão passou a investigar a operadora de saúde após denúncias de médicos que trabalharam na empresa durante a pandemia.
Um dossiê feito por 15 médicos acusa a empresa de ocultar mortes pela covid-19, pressionar profissionais de saúde para a prescrição de remédios sem eficácia comprovada contra a doença e usar seus hospitais como “laboratórios” para estudos com medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença. A Prevent Senior nega as acusações.
Tadeu afirma ter sido uma das vítimas da Prevent Senior. Ele conta que chegou a ser medicado com flutamida, remédio usado contra o câncer de próstata e que não tem eficácia contra a Covid-19. O advogado diz que, após um mês de internação, quiseram que ele passasse a receber somente cuidados paliativos, porque argumentaram que ele era um paciente em estado terminal.
CUIDADOS PALIATIVOS
Os cuidados paliativos são adotados para aliviar dores e outros sintomas para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves, incluindo aqueles com possibilidades de cura ou em fase terminal.
No caso de Tadeu, segundo a família dele, a médica informou que não havia mais alternativas para curá-lo, por isso encaminhá-lo para cuidados paliativos implicaria em deixá-lo sedado, com os aparelhos desligados e sem possibilidade de reanimação se houvesse uma parada cardíaca.
“Acho que muita gente pode ter morrido desnecessariamente. E o pior, morreu com a família achando que estava fazendo o certo, porque ligam falando que vão dar uma morte mais tranquila e dignidade com os tratamentos paliativos. Te matam porque querem economizar dinheiro”, diz.
“A sensação que me deu, quando eu me recuperei e soube o que aconteceu, foi de que iriam me matar porque eu estava dando prejuízo. Me viram como um problema para o plano”, afirma.
Ele diz que entrou no portal da Prevent Senior, após se recuperar, e descobriu a altíssima quantidade de exames a que foi submetido enquanto esteve internado.
“Isso fora procedimentos como intubação e hemodiálise. Olha o prejuízo que é um paciente ficar pelo menos 30 dias na UTI. Então, aí vem a minha conclusão: o paciente nessa pandemia foi visto como uma variável de alto risco pro plano. Mas banalizar os cuidados paliativos foi uma total falta de ética”, declara Tadeu.
Comentar