OPINIÃO: Uso de tecnologia por crianças: Benefício ou perda de Infância?

Definitivamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos. Por isso, os limites recomendados de utilização dessas tecnologias não param de ser revistos, bem como a maneira com que os pequenos deveriam interagir com as telas.

Como pedagoga e mãe, tenho repensado inúmeras vezes sobre a educação das crianças, das tecnologias. Me pergunto se o uso demasiado seria uma perda da infância ou  o conceito de infância que mudou? Acredito que nem um e nem outro. Já dizia Mario Quintana: “ As crianças não brincam de brincar, elas brincam de verdade”. Precisamos aprender mais do que ensiná-los, observar nossos pequenos, reaprender a brincar e também proporcionar novas experiências para aqueles que não desgrudam do play ou do tablet, já pensou que bacana aprender com eles como se joga minecraft  e em troca ensinar como se joga amarelinha, como pular corda, como brincar de “gata cega”?

A  falta de atividade física, por exemplo, está entre os fatores que trazem alerta em relação ao contato das crianças com essas novas tecnologias, pesquisas demonstram que os índices de  obesidade infantil vem crescendo cada vez mais.

E o convívio social? Nossas crianças passam grande parte do tempo em seus quartos diante de uma tela e o fato delas ficarem muito próximas aos aparelhos que lhes remetem apenas o mundo que querem ver, sempre estabelecendo laços muito próximos com suas vontades e preferências, e serem quem querem ser aos olhos de uma sociedade virtual baseada no pré-julgamento, ao invés de moldarem suas personalidades e caráter com as vivências do mundo fora do digital, as relações interpessoais da primeira e segunda infância período que é tão importante na formação de caráter dos seres humanos podem acabar se desestabilizando, pois estes ambientes virtuais se tornam muito confortáveis, e as crianças talvez não vivenciem situações indispensáveis ao crescimento.

 Em relação ao processo de aprendizagem, este também tem mudado e já não se faz mais tão eficiente em relação a ensinamentos didáticos, devido aos pequenos terem contato primeiro com as telas e teclados do que com o lápis e a borracha. Isso dificulta o aprendizado das normas da escrita. Os professores estão tendo que reinventar diariamente suas práticas para poder atrair a atenção dos alunos e alunas. Por  último e não menos  importante, torna-se necessário falar sobre o  amadurecimento precoce. O caso é mesmo sério. Crianças têm se tornado adultas antes da hora por causa de tanta ridicularizarão do infantil. Brincar tem deixado de ser um dos fatores de maior relevância no desenvolvimento de inúmeras habilidades afetivas, psicológicas e sociais de meninos e meninas para se transformar em algo careta, fora de moda. Os “mini adultos” estão pulando fases importantes para seu completo amadurecimento físico e mental e as consequências (sedentarismo, falta de criatividade, má alimentação, vícios por compras) tem sido mesmo “coisas de gente grande”.

Será que as crianças estão “viciadas” nas tecnologias ou somos nós, adultos, que estamos permitindo que o exagero aconteça. As crianças são o futuro, é nelas que depositamos a esperança de um mundo melhor, não deixe passar batido uma das fases mais importantes para a constituição do caráter e da personalidade de um ser humano, a infância. Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo, e essa mudança precisa começar dentro de cada um e cada uma de nós. Encerro com a frase do querido Chico Xavier: A palavra convence, mas o exemplo arrasta”

Prof. Me. Chana Beltramin

Pedagoga

Mestre em educação

Psicanalista

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