Instituto Gaúcho do Leite divulga a Radiografia da cadeia leiteira

Radiografia da cadeia leiteira do Estado foi realizada pelo IGL, em parceria com a Emater-RS, Fetag, Fetraf e Famurs

O Rio Grande do Sul possui um rebanho de 1.427.730 vacas leiteiras e conta com 198.817 produtores que, de alguma maneira, trabalham naprodução de leite. Já o volume produzido no Estado é de 4,6 bilhões de litros por ano, numa média de 12,62 milhões litros/dia.

Os números fazem parte do Relatório Sócioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite, uma pesquisa inédita sobre a cadeia leiteira gaúcha. O levantamento foi realizado de 22 de abril a 13 de maio pelo Instituto Gaúcho do Leite (IGL), em parceria com a Emater/RS-Ascar, Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul) e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) nos 497 municípios do RS. A pesquisa contou com o auxílio das prefeituras e secretarias municipais, sindicatos de trabalhadores rurais, Inspetorias de Defesa Agropecuária, Conselhos Municipais de Agricultura, indústrias, cooperativas e empresas.

O mais completo levantamento realizado no país sobre a cadeia leiteira será fundamental para a criação de políticase projetos para o setor, conforme o diretor executivo do IGL, Oreno Ardêmio Heineck. “O relatório é inédito e traz informações sobre diversos ângulos da cadeia leiteira gaúcha, que podem ser cruzadas entre si.

Ele vai permitir que se faça políticas setoriais – de iniciativa do IGL ou de outras entidades – ou políticas públicas, principalmente municipais e estaduais”, salienta o dirigente.“Sentimos a consistência das informações a partir da qualificação e conhecimento setorial dos que intervieram no levantamento”, diz o coordenador estadual da Emater/RS na área do leite e que conduziu tecnicamente os trabalhos, Jaime Ries. “Temos nas mãos um banco de dados valioso que por certo nos ajudará a trabalhar, com precisão, nas ações necessárias à evolução desta importante cadeia produtiva”, acrescenta.

O relatório mostra que 101.361 produtores (51,0%) produzem para o consumo familiar e que 84.312 deles vendem leite cru para indústrias, cooperativas ou queijarias, o que equivale a 42,4% do total.

Considerando também os 224 produtores que processam leite em agroindústria própria legalizada, o cálculo é de que 42,5% estão associados à indústria. Já os que entregam oleite para indústrias, produzem um total de 4,2 bilhões, numa média diária de 11,47 milhões de litros.As regiões que vendem leite cru para indústrias e os que processam em agroindústria própria respondem pela produção de 91,5% desse volume.

As regiões de Ijuí e Santa Rosa produzem, respectivamente, 883 milhões de litros por ano e 679 milhões de litros por ano. “O relatório faz um completo diagnóstico da cadeia produtiva do leite gaúcho e vai permitir que se planeje melhor as ações a serem tomadas nos municípios para o desenvolvimento do setor, como treinamento da mão de obra, extensão rural ou obras de infraestrutura”, ressalta o coordenador da Área de Agricultura da Famurs, Mário Augusto Ribas do Nascimento.

A área média dos produtores de leite no Estado é de 20 hectares, considerando-se apenas aqueles que vendem para indústrias, cooperativas ou queijarias e os que processam a produção em agroindústria própria legalizada. Na regionalda Emater de Bagé, a média de área das propriedades apresenta o maior valor (74 hectares em média). A projeção é de que 95% dos produtores de leite gaúchos possam ser enquadrados como agricultores familiares. Aparticipação em número absoluto de produtores é maior nas regionais de Santa Rosa (14.948), Ijuí (13.318) e Passo Fundo (12.249).

Produtividade -A pesquisa estima que, em média, sejam produzidos 3.226,9 litros por vaca por ano no Estado. Este valor é superior se for considerado somente os produtores que processam leite em agroindústria própria legalizada (média de 4.828,5 litros/vaca/ano) e também para os produtores que vendem leite cru para indústrias, cooperativas e queijarias (média de 3.575,1 litros/vaca/ano).

Este indicador, quando analisado em relação à produção diária, apresenta um resultado geral médio para o Estado de 10,6 litros de leite por vaca por dia. O número é superior à média apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a média dos produtores que processam leite em agroindústria própria legalizada é de 15,8 litros/vaca/dia, enquanto que a dos que vendem leite cru para indústrias, cooperativas e queijarias é de 11,7 litros/vaca/dia.

O relatório aponta que, dentre os produtores de leite que vendem para indústrias, cooperativas ou queijarias e os que processam a produção em agroindústria própria legalizada, 38.280 produzem até 100 litros por dia, o que equivale a 45,3% dos produtores. “O IGL, por seus objetivos estratégicos de olhar para a cadeia produtiva, tem o grande desafio de inserir o maior número de produtores com viabilidade econômica e de qualidade. Para isso, continuamos no caminho da qualificação, seja do produtor, como dos técnicos e transportadores”, analisa o presidente do IGL, Gilberto Piccinini.

Outro ponto positivo é que 77% dos produtores fazem usoda Inseminação Artificial. Nas regionais de Lajeado e de Caxias do Sul, o percentual de uso de inseminação é de 91,2% e 90,4%, respectivamente. O estudo aponta que 60,6% dos produtores possuem local adequado para ordenha higiênica e 29,9% deles contam com sala de ordenha ou estábulo, dotados de fosso ou rampa.Nas propriedades predominam as ordenhadeiras balde ao pé (59,6%) e 72,3% dos produtores têm resfriador de expansão direta (tanque isotérmico) e 22,6% resfriador de imersão. Em 38,7% das propriedades leiteiras gaúchas existe aquecimento de água para limpeza de equipamentos.

A maioria dos animais pertence à raça Holandês (58,4% ou 667.616 vacas). Esta proporção é superior nas regiões de Passo Fundo e Porto Alegre, por exemplo (72,4% e 64,5%). A raça Jersey representa 16,3% do rebanho gaúcho, sendo mais expressiva na região de Pelotas, e 23,9% das vacas são provenientes de cruzamentos. As regionais de Bagé e Santa Maria apresentam os maiores percentuais para cruzamentos de raças (35,4% e 32,4%, respectivamente).

A pesquisa também identificou a localização e a capacidade instalada das estruturas de resfriamento e de processamento de leite no Estado.Na pesquisa, foram identificadas 254 indústrias de diferentes portes, incluindo os sistemas de inspeção municipal, estadual e federal, totalizando uma capacidade diária de processamento de 18,5 milhões de litros/dia. Também se identificou uma expressiva concentração dessas estruturas na metade-norte do Estado.
Dificuldades – As principais dificuldades enfrentadas pelos produtores para a produção e comercialização de leite são a falta ou deficiência de mão de obra (46,1%) e falta de descendentes ou desinteresse deles na atividade (41,9%). A mão de obra, preço do leite e sucessão familiar foram apontados como os três maiores gargalos para a atividade leiteira.

O relatório também mostra o tamanho da informalidade no Estado. A estimativa é de que 13% (12.085) do total de produtores de leite vendam diretamente sua produção aos consumidores. “O estudo aponta que 3.992 produtores vendem leiteinnaturae outros 12.085 produzeme comercializam derivados lácteos na informalidade, mas isso é uma questão cultural, comum em muitas regiões”, explica o assessor de Política Agrícola da Fetag, Márcio Roberto Langer. “Precisamos avançar cada vez mais nessa questão, mas esses produtores fazem o mesmo controle de qualidade que os que vendem para a indústria, até porque o consumidor quer ter a certeza do que está adquirindo”, acrescenta Langer.

Assessoria de imprensa do IGL:

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