É #FAKE que famosas, como Alcione e Preta Gil, estão usando lipozepina para emagrecer

Está circulando pela internet a informação de que famosas estão usando lipozepina para emagrecer. Tome cuidado, essa é uma notícia falsa!

As postagens falando de um suposto emagrecedor, que teria feito celebridades perderem dezenas de quilos em poucos dias, foram compartilhadas nas redes sociais e por meio de reproduções falsas de sites de notícias, para fazer os usuários entenderem que se tratava de informações verdadeiras noticiadas por veículos de imprensa. 

O conteúdo normalmente possui um texto sobre os benefícios do produto, com fotos, vídeos e depoimentos de artistas, principalmente em portais com design semelhante aos de entretenimento do Grupo Globo, junto a uma recomendação do produto que estava à venda, coincidentemente, no mesmo site. 

A postagem que alega que Alcione teria usado a substância, foi publicada em um site enganoso que simula o portal do GShow. Na publicação, há um vídeo que mescla trechos de uma entrevista concedida por Alcione ao programa Saia Justa, do canal GNT, em 23 de janeiro de 2019. A seguir, o texto mostra uma falsa transcrição da entrevista, inventando frases sobre “amostras grátis de Lipozepina”.

O site também é ilustrado com falsificações de postagens no perfil verificado de Alcione, com fotos em que a cantora estaria com uma caixa de lipozepina. O conteúdo ainda contextualiza dizendo que a artista teria revelado à apresentadora Astrid Fontenelle que emagreceu porque tomou um remédio. O resultado teria sido a perda de 17 kg em sete dias, sem dieta ou exercícios físicos.

 Entretanto, Alcione até comentou sobre o processo de emagrecimento em uma edição do programa Saia Justa, não falou nada sobre lipozepina ou outros remédios. A gravação original tem quase 10 minutos e está disponível na página autenticada do GNT no YouTube

Preta Gil também foi alvo das publicações mentirosas. Uma entrevista da artista foi editada e tirada de contexto para incluir imagens da lipozepina. A montagem é feita com cortes em um vídeo veiculado ao canal da atriz Thaís Fersoza no YouTube, onde são intercalados trechos com falas incompletas da entrevista com imagens do produto e a narração de um homem, responsável por falar sobre o remédio emagrecedor.

Entretanto, o programa original não cita e nem mostra imagens de caixas de lipozepina. Nas cenas originais da entrevista da atriz, divulgadas em 2020, ela falava sobre a pressão por emagrecer, sobre gordofobia e diversidade, sem citar a substância. 

Também não é possível encontrar qualquer declaração de Preta Gil sobre lipozepina em suas redes sociais e em mecanismos de busca. Ainda, a assessoria de imprensa da cantora informou ao Aos Fatos, canal de notícias que investigou o caso, que o uso da imagem dela não foi autorizado para a divulgação do suplemento, e que o time jurídico foi acionado para resolver o problema.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que não existe nenhum medicamento ou substância ativa registrada com o nome de lipozepina. De acordo com a agência regulatória, alegações terapêuticas como o tratamento da obesidade são restritas a medicamentos, que precisam de autorização para serem comercializados.

Além de utilizar a imagem de celebridades de forma adulterada, a prática de venda dos produtos ainda é mentirosa em relação à comercialização. Apesar do medicamento ser oferecido de forma gratuita, existe uma taxa de cobrança de um frete duplicado e de uma assinatura mensal, que resulta no valor de cerca de R$ 260,00, segundo informações divulgadas pelo canal Aos Fatos.

Neste ano, já foram registradas mortes por hepatite fulminante associadas ao consumo de chá emagrecedor em cápsulas. A Anvisa centrou esforços para penalizar falsas terapias do gênero à venda no país e incluiu a lipotramina na lista de produtos proibidos, na qual já estava o lipotril. Mesmo assim, inúmeras outras substâncias continuam surgindo no mercado.

Pessoas em busca de emagrecimento são alvos recorrentes de peças de desinformação estrategicamente pensadas e amparadas pelo marketing para vender suplementos irregulares. Se o uso exagerado de suplementos já é considerado um problema de saúde pública num mercado bilionário e, por vezes, fraudulento, a desinformação é o que faz a engrenagem desse mercado girar. 

Fique sempre atento aos canais de comunicação confiáveis, para ter acesso a informações obtidas por jornalismo feito com seriedade.

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