Conheça as medidas de ajuda ao RS anunciadas pelo governo federal

O governo Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (9) uma lista de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul – estado que enfrenta as maiores chuvas de sua história desde o fim de abril.

Segundo divulgado pelo governo, serão R$ 50,9 bilhões destinados à recuperação dos municípios e das famílias atingidas pelas enchentes.

O pacote foi enviado ao Congresso na forma de uma medida provisória. Com isso, as medidas já entram em vigor imediatamente, mas precisam do aval de Câmara e Senado em até 120 dias para não perderem validade.

No discurso, Lula informou que deve anunciar, na próxima segunda-feira (13), o acordo para a suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União. E na terça (14), medidas para as pessoas físicas afetadas.

 

 

  • Governo anuncia antecipação de Bolsa Família, auxílio gás e restituição do IR para moradores do RS, além de crédito com juro reduzido
  • Lula diz que medidas de socorro ao RS anunciadas nesta quinta são as primeiras: ‘Não termina aqui’

 

Veja abaixo um resumo das medidas anunciadas pelo governo:

 

Para trabalhadores e famílias

 

 

  • Antecipação do pagamento do abono salarial 2024: R$ 758 milhões

 

Segundo o governo, serão beneficiados 705 mil trabalhadores com carteira assinada no Rio Grande do Sul.

O abono salarial é um benefício no valor de até um salário-mínimo concedido anualmente a trabalhadores e servidores que atendem aos requisitos do programa.

O calendário convencional se baseia no mês de aniversário do trabalhador. O banco de recebimento, data e os valores, inclusive de anos anteriores, estão disponíveis para consulta no aplicativo Carteira de Trabalho Digital e no portal Gov.br.

 

  • Duas parcelas adicionais do seguro-desemprego: R$ 495 milhões

 

O governo vai liberar duas parcelas adicionais do seguro-desemprego para desempregados que já vinham recebendo o benefício antes da decretação do estado de calamidade.

Segundo o Ministério da Fazenda, serão beneficiados 140 mil trabalhadores formais desempregados.

As parcelas serão depositadas entre maio e outubro, ao fim do calendário de cada trabalhador – caso ele não tenha conseguido um novo emprego até lá.

Governo libera a partir desta quarta FGTS, abono e seguro-desemprego aos atingidos pelas chuvas no RS

 

  • Prioridade na restituição do Imposto de Renda: R$ 1 bilhão

 

Os declarantes do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) do Rio Grande do Sul terão prioridade na restituição do tributo.

O calendário convencional leva em conta uma série de critérios, como a data de entrega da declaração e o pertencimento a grupos prioritários (idosos, portadores de doenças graves, deficientes físicos ou mentais, professores e quem opta pela restituição pelo PIX, por exemplo).

Segundo o governo, essas restituições serão depositadas pela Receita Federal em junho. Até 1,6 milhões de contribuintes podem ser beneficiados.

 

  • Antecipação do Bolsa Família e do Auxílio-Gás de maio: R$ 380 milhões

 

 

O governo anunciou que vai antecipar as parcelas de maio do Bolsa Família e do Auxílio-Gás aos beneficiários já inscritos nos programas sociais.

A antecipação deve beneficiar 583 mil famílias.

O governo não informou, até o momento, se tomará medidas para incluir mais famílias nos programas de assistência social com base nos prejuízos das chuvas.

 

Para estados e municípios

 

 

  • Fundos de estruturação de projetos: R$ 200 milhões

 

O governo federal vai destinar R$ 200 milhões para que os bancos públicos consigam apoiar e financiar a elaboração de projetos de reconstrução de infraestrutura e equilíbrio econômico.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, divulgou nesta quinta-feira (9) um cálculo inicial de que pelo menos R$ 19 bilhões em investimentos serão necessários para reconstruir o estado. Para isso, além do dinheiro, serão necessários projetos técnicos.

 

  • Análise de crédito para municípios: R$ 1,8 bilhão

 

O governo também anunciou uma força-tarefa para acelerar a análise de crédito de 14 municípios do Rio Grande do Sul que querem pegar empréstimos tendo a União como avalista.

De acordo com o Ministério da Fazenda, essas operações de crédito somam R$ 1,8 bilhão – R$ 1,5 bilhão em operações externas (agências estrangeiras ou organismos internacionais) e R$ 300 milhões em operações internas (bancos brasileiros).

 

 

Para empresas

 

 

  • Crédito para micro e pequenas empresas: R$ 4,5 bilhões

 

O governo anunciou injeção de R$ 4,5 bilhões no Fundo Garantidor de Operações, para ampliar as garantias dos empréstimos do Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Ao ampliar as garantias, o governo permite que o Pronampe conceda até R$ 30 bilhões adicionais em empréstimos. Segundo o Planalto, esse crédito adicional deve ficar disponível já a partir deste mês.

 

  • Desconto em juros do Pronampe para micro e pequenas empresas: R$ 1 bilhão

 

Complementar ao ponto anterior, esse desconto deve atingir justamente os novos empréstimos viabilizados pela garantia adicional do FGO.

Segundo o Ministério da Fazenda, dos R$ 30 bilhões de potenciais novos contratos, R$ 2,5 bilhões serão oferecidos a juros mais baixos. O R$ 1 bilhão anunciado pelo governo vai cobrir essa diferença.

Os financiamentos do Pronampe serão oferecidos com prazo de até 72 meses e carência de até 24 meses. A parte subsidiada terá juro nominal de 4% ao ano (descontada a inflação, o juro real ficaria próximo de zero).

Quando os primeiros R$ 2,5 bilhões forem emprestados, o restante do crédito adicional seguirá os juros normais do Pronampe.

 

 

  • Garantias do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC): R$ 500 milhões

 

De modo similar às ações do Pronampe, o governo também vai injetar R$ 500 milhões no Fundo Garantidor de Investimentos, para alavancar o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC) para microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas.

Neste caso, o aporte não interfere na taxa de juros.

Operador do crédito, o Banco Nacional de Desesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá oferecer até R$ 5 bilhões adicionais em crédito. O PEAC tem juros médios de 1,75% ao mês.

 

  • Prorrogação do vencimento de impostos federais e Simples Nacional: R$ 4,8 bilhões

 

O Ministério da Fazenda vai prorrogar, por pelo menos três meses, o vencimento de tributos federais e do Simples Nacional para empresas nos municípios gaúchos afetados.

Segundo a pasta, a medida deve beneficiar 203 mil empresas do estado, que terão mais prazo para pagar esses cerca de R$ 4,8 bilhões. O anúncio deixa aberta a possibilidade de uma prorrogação ainda maior.

 

  • Dispensa da Certidão Negativa de Débitos para crédito em bancos públicos

 

A medida não tem custo estimado. Segundo o anúncio, empresas e produtores rurais não precisarão apresentar essa certidão negativa para contratar e renegociar crédito com os bancos públicos.

 

A dispensa tem duração prevista de seis meses (maio a novembro).

 

Para produtores rurais

 

 

  • Descontos em juros do Pronaf e do Pronamp: R$ 1 bilhão

 

A medida é similar à anunciada para micro e pequenas empresas. O governo vai “cobrir”, com R$ 1 bilhão, o desconto que será dado aos agricultores familiares e ao médio produtor rural.

Segundo o Ministério da Fazenda, o valor é suficiente para descontar juros de até R$ 4 bilhões em novos créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).

No caso do Pronaf, os novos empréstimos devem prever financiamento em até 120 meses, com até 36 meses de carência; e taxa de juros de 0% nominal – ou seja, o produtor devolve o exato valor que tomou, sem juros nem correção monetária.

No caso do Pronamp, as regras preveem financiamento de até 96 meses, com carência de até 36 meses; e taxa de juros de 4% nominal – na praticamente, quase uma correção monetária, ou seja, juros reais zero.

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