Candidaturas de indígenas bate recorde nas Eleições Municipais de 2020 no estado

Para as eleições de 2020, 125 indígenas são candidatos aos cargos de prefeito (2), vice-prefeito (3) e de vereador (120) no Rio Grande do Sul. Esse número representa quase o dobro do que se tinha em 2016, que contou com apenas 69 concorrentes da etnia no estado.

Em todo o Brasil os números igualmente impressionam, pois o aumento foi de 88,51%: em 2016, foram 1175 candidaturas e, agora em 2020, são 2.215 candidatos autodeclarados indígenas.

Esses números refletem o maior engajamento de indígenas no acesso a cargos eletivos, um movimento que vem crescendo no Brasil desde 1982, ano em que o primeiro índio foi eleito deputado federal no Brasil: o Cacique Xavante Mário Juruna, registrado pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) do Rio de Janeiro. A agremiação era, na época, liderada por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, respectivamente eleitos governador e vice-governador do RJ naquele ano. 

A eleição do cacique foi reflexo da associação entre a atuação social que realizava como povo xavante do Estado Mato Grosso e a sagacidade do político e etnólogo Darcy Ribeiro, que enxergou na liderança o primeiro indígena com chances de dar visibilidade nacional à causa dos povos originários. 

O resultado dessa eleição foi fundamental para o crescimento do movimento indígena, que contribuiu com dois importantes artigos na Constituição Federal de 1988, os artigos 231 e 232, correspondentes ao Capítulo VIII, “Dos Índios”, e outros artigos esparsos sobre a matéria. 

O Brasil somente voltou a ter outro indígena no Congresso Nacional nas eleições de 2018, com a eleição da advogada Joênia Wapichana, pelo partido Rede Sustentabilidade de Roraima, como deputada federal. As Eleições de 2018 evidenciaram muito as candidaturas indígenas, também porque deram visibilidade a dois candidatos à  vice-presidência da República: Sônia Guajajara, pelo PSol – Partido Socialismo e Liberdade, e o general Hamilton Mourão, pelo PRTB – Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, que foi eleito.

Os exemplos dessas candidaturas foram decisivos para o aumento verificado neste ano, pois demonstram  que as chances de indígenas exercerem mandatos eletivos são reais e, diante das carências históricas que essa população sofre em razão das políticas de assimilação forçada, praticadas legalmente até a Constituição de 1988, é fundamental que representantes indígenas atuem nos poderes Legislativo e Executivo.

Atualmente, no RS, não há prefeitos indígenas, mas há 8 vereadores eleitos: três em São Valério do Sul, Francisco Gomes (PDT), Siduelio Miguel (PT) e Vergilio Camargo (MDB), um em Iraí, Jadir Jacinto (PP), um em Redentora, Derli Bento (PCdoB), um em Benjamin Constant do Sul, Elizeu Garcia (PT), um em Charrua, Jacó Antônio (PP), e uma em Gramado dos Loureiros, Claudete Tomaz (Partido Cidadania).

Em 2016 também foi eleito vereador, em Tenente Portela, Valdonês Joaquim, pelo (PSD), mas atualmente cumpre pena após condenação em processo criminal na Justiça Estadual do RS.

 

*TRE

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