Paraná: em greve, dezenas de professores são feridos pela polícia

A prefeitura de Curitiba informou que mais de 100 pessoas, na maioria professores da rede estadual que protestavam contra o governo, foram atendidas depois de serem atingidas por policiais militares na capital paranaense na tarde desta quarta-feira (29) e que “muitas vítimas continuam chegando”. Dentre os feridos, 35 pessoas que precisavam de atendimento médico foram encaminhadas a hospitais, principalmente o Hospital Cajuru. Os servidores da prefeitura de Curitiba foram liberados em razão do tumulto.

A ação da polícia começou por volta das 15h, no Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa, quando os deputados estaduais começaram a sessão para votar um projeto de lei (PL) que altera a previdência estadual.  A Polícia Militar usou bombas de gás, balas de borracha e jatos de água para dispersar os manifestantes. Os professores recuaram, mas os policiais continuaram jogando bombas de efeito moral.

Crianças foram retiradas das escolas da região. “Algumas delas passavam mal em decorrência do gás lacrimogêneo usado pelas forças policiais na Praça Nossa Senhora de Salete [que fica em frente a Assembleia Legislativa do Paraná] para afastar os manifestantes”, informou em nota. “No saguão da Prefeitura, onde dezenas de pessoas entraram para buscar abrigo, o cheiro de vinagre, usado para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo, era muito forte”, acrescentou.

Por meio do Facebook, a direção do Sindicato dos Professores do Paraná disse que os manifestantes estão fora do perímetro estabelecido pela polícia, em frente ao prédio da prefeitura. O governo do Paraná ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.

O projeto de lei em votação na Assembleia Legislativa foi encaminhado pelo Executivo para alterar a previdência estadual. O governo paranaense quer tirar 33 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo Tesouro estadual e que está deficitário, e transferi-los para o Fundo de Previdência do Paraná, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário.

A greve dos professores da rede estadual de ensino do Paraná entrou hoje (29) em seu terceiro dia com adesão praticamente total da categoria, apesar de logo depois de sua deflagração a Justiça do Estado ter, a pedido do governador tucano Beto Richa, declarado a greve “ilegal”. Pela decisão, os educadores terão os dias parados descontados e a APP Sindicato, entidade que representa os professores estaduais, será multada em R$ 40 mil por dia de paralisação. A APP, por sua vez, já recorre da decisão.

A segunda greve dos professores paranaenses em menos de dois meses foi decidida em assembleia, realizada no último sábado em Londrina, em protesto contra as alterações propostas pelo governo Richa, que afetarão os servidores estaduais aposentados e pensionistas com mais de 73 anos de idade. Cálculos indicam que as mudanças reduzirão praticamente pela metade – de 57 para 29 anos – o tempo de solvência dos fundos de previdência do funcionalismo público. Na mesma assembleia, os professores lançaram a campanha salarial de 2015.

Esta é a segunda vez este ano que o governo tucano tenta impor mudanças à previdência dos servidores estaduais. A primeira tentativa ocorreu em fevereiro, semanas depois de ter declarado que o Paraná encontrava-se à beira do colapso financeiro.

Na ocasião, os professores e outras categorias do funcionalismo mobilizaram-se e conseguiram não só forçar o governo a retirar a proposta de votação na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) como obrigaram os deputados estaduais a extinguirem a “comissão geral”, um artifício regimental por meio do qual o governo impunha medidas impopulares restringindo o tempo de debate.

Agora em abril, ao reapresentar as mudanças na previdência, o governo tucano alegou ter discutido amplamente as mudanças propostas. Já o Fórum dos Servidores e a oposição ao governo têm outra interpretação. Das mais de dez emendas apresentadas pelos servidores à proposta do governo, apenas duas foram acatadas.

Com informações da Agência Brasil e da RBA